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Trabalhos retratando questões relacionadas à saúde sexual e reprodutiva e enfrentamento à violência de gênero ilustraram publicação

O artista Avigail Reinosa, indígena do povo Warao, vive no Brasil há dois anos. Ele é uma das várias pessoas que vieram da Venezuela em busca de uma mudança nas condições de vida e se estabeleceu na cidade de Boa Vista, em Roraima. Conectado às tradições, retrata paisagens, personagens e situações típicas da região do Delta do Rio Orinoco, com sua flora exuberante e construções de palafitas. Foi com esse olhar que ele colaborou nas ilustrações das novas publicações sobre saúde sexual e reprodutiva e enfrentamento da violência baseada em gênero do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), traduzidas colaborativamente para a língua Warao. As ilustrações agora estão expostas para o público.

Desde o dia 15 de dezembro, o escritório do UNFPA em Roraima organizou uma exposição com oito ilustrações e uma tela produzida por Avigail, buscando aumentar a sensibilização sobre a presença e as necessidades do povo Warao no Brasil. No processo de tradução e adaptação, do qual participaram dezesseis pessoas do povo Warao abrigadas pela Operação Acolhida, foram debatidos diversos temas dentro da temática proposta, que inspiraram a produção do trabalho de Avigail. O resultado são imagens que remontam às paisagem do Orinoco, abordando questões que são abordadas nas ações do UNFPA, como infecções sexualmente transmissíveis, violência baseada em gênero, parto seguro, a importância da amamentação, entre outras. Além das cartilhas traduzidas, que devem apoiar trabalhos de campo, o processo também resultou na produção de um livro, que agrega o conteúdo dos materiais com um ensaio antropológico sobre a migração do povo Warao e algumas especificidades sobre questões de saúde sexual e reprodutiva e violência baseada no gênero.

Avigail afirmou que “foi um prazer trabalhar com o UNFPA, uma instituição que sempre se preocupa com a saúde dos indígenas Warao em Boa Vista. Fiquei feliz em poder enaltecer a nossa cultura enquanto povo indígena Warao. Temos essa trajetória de sair de um país e chegar ao Brasil, um país que sempre nos abriu as portas e somos muito agradecidos”. Ele acrescenta que “essas cartilhas são muito importantes para facilitar a comunicação das pessoas que atuam na área de saúde, especialmente nos hospitais, com a população Warao. Agora a comunicação vai ficar mais fácil”.

Os trabalhos ficarão expostos até o dia 31 de janeiro no saguão do espaço de coworking da Plataforma 8 (Rua Pedro Rodrigues, 80 - Boa Vista - RR) e depois devem passar pelos espaços seguros do UNFPA no Posto de Interiorização de Triagem da Operação Acolhida no Estado.

Participaram do projeto de tradução e adaptação de textos para Warao: Geudys de los Angeles Centeno, Winkler Jesus Gonzalez Perez, Rosana Hernández, Maria Yuri Sanchez, Ygnacio Luis Zapata Gonzalez, Sonia del Valle Zambrano, Hermes Mariano Zapata, Ruben Crisologo Bastardo Sanz, Dulce Maria Blanco Baez, Euligio Jonas Baez Tejerina, Alejandrina Gonzalez de Zapata, Celia del Valle Baez, Herminia Nunes de Mariano, Karlina Maria Gonzalez Torres, Leany Gabriela Torres Moraleda, Yolimar Elizabeth Avila. O antropólogo Gabriel Tardelli foi responsável pela mediação do processo e realização do ensaio antropológico. O enfermeiro obstétrico Leandro Morais apoiou o trabalho com informações técnicas sobre saúde sexual e reprodutiva.