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Evento destacou potencial do país para atender demanda internacional da OMS

A emergência pela participação brasileira no mercado internacional farmacêutico foi o ponto central do “Workshop sobre Processos de Pré-Qualificação de Produtos junto à OMS e ao UNFPA”, organizado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), em parceria com o Ministério da Saúde do Brasil. Durante três dias, laboratórios e empresas da indústria farmacêutica conheceram os parâmetros utilizados pelo UNFPA e pela OMS para pré-qualificar fornecedores da ONU em mercados internacionais.

O movimento pela inserção do mercado brasileiro a nível internacional interessa especialmente ao UNFPA, pois uma das metas do Fundo é expandir o acesso a insumos de saúde reprodutiva. O Representante do UNFPA no Brasil, Jaime Nadal, trouxe números que chamam a atenção pela necessidade de fortalecer o mercado latino americano: em 2016 a ONU contou com o trabalho de 214 fornecedores de 59 países desenvolvidos e em desenvolvimento, dos quais apenas quatro eram empresas da América Latina e do Caribe, região que consta entre os principais requerentes pela assistência da ONU. O que resulta em maiores gastos com transporte e taxas tributárias, dificultando ainda mais o acesso nessa região.

“Acreditamos que com o workshop conseguimos contribuir para que o Governo brasileiro possa trilhar novos caminhos na garantia de fornecimento desses insumos básicos no âmbito internacional e para que empresas brasileiras possam somar-se a nós no fornecimento de insumos para outros países. É um momento estratégico para nossos esforços de fazer com que as mulheres tenham acesso a insumos de qualidade e a serviços de profissionais qualificados sob um olhar de direitos humanos que precisamos aguçar em nossos futuros fornecedores.”, reiterou.

O evento chamou a atenção dos representantes das sedes internacionais da OMS e do UNFPA, que destacaram o caráter histórico da iniciativa uma vez que houve o encontro inédito de instituições da ONU e da OMS com setores do governo brasileiro (representados pelo Ministério da Saúde), empresas farmacêuticas e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável pela regulação dos produtos no país.

“A partir deste encontro, percebemos que não somos os únicos a enxergar o papel estratégico que o Brasil teria a nível internacional. Mas para que este workshop se torne realmente eficaz, devemos assumir o compromisso de realizar outros encontros na busca de melhor qualidade e de preços mais justos para as regiões que mais precisam do nosso trabalho, pois enquanto demoramos neste processo e cedemos às burocracias que impedem nossos avanços, temos mulheres e crianças que não podem esperar pelo nosso atendimento e o necessitam com urgência”, ressaltou a especialista do Departamento do Controle de Qualidade do UNFPA em Copenhague, Seloi Mogatle.

Regulação local e com qualidade

No workshop, representantes da sede da OPAS/OMS orientaram os participantes a respeito das perspectivas de mercado e produtos de interesse para a organização. Especialistas do UNFPA apresentaram os principais critérios de pré-qualificação de insumos de saúde reprodutiva, enquanto técnicos e gestores da Anvisa mostraram o trabalho desenvolvido pela agência, ponto celebrado no workshop graças à proximidade de seus processos com o protocolo estabelecido pela ONU.

Para o especialista da equipe do Programa de Pré-Qualificação da OMS, Vimal Sachdeva, resta apenas ao Brasil decidir pela colaboração internacional, uma vez que seu mercado já se encontra capacitado. “Este é o momento em que o Brasil tem uma grande escolha a fazer: ou ele permanece em sua zona de conforto ou ele corre em busca do seu lugar no mercado internacional, o que eu encorajo fortemente, pois ele tem todas as condições possíveis de concorrer em qualquer mercado”, enfatizou.

A partir do workshop, representantes da OPAS/OMS e do UNFPA devem se reunir para a discussão dos próximos passos no auxílio às empresas rumo a uma possível pré-qualificação internacional. Do encontro, surgirão ideias para ações em conjunto com representantes de empresas brasileiras e do próprio governo do país.

“Mais do que garantir o acesso das nossas empresas no mercado internacional, precisamos cumprir nossa principal missão: assegurar que mulheres possam ir aos centros de saúde e receber serviços de qualidade, independentemente da região em que se encontram e do momento em que buscam por esse atendimento”, concluiu Jaime Nadal.

Texto: Agnes Sofia Guimarães