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Declaração da Diretora Executiva do UNFPA, Dra. Natalia Kanem, no Dia Internacional da Parteira 2023

Todos os anos, no dia 5 de maio, celebramos as parteiras profissionais por seu compromisso inabalável em salvar vidas e garantir a saúde e o bem-estar de mulheres e bebês recém-nascidos.

Em um mundo que vê uma mulher morrer a cada dois minutos devido à gravidez ou ao parto, também aproveitamos este momento para defender o acesso universal a parteiras qualificadas [no Brasil, enfermeiras obstétricas e obstetrizes] como uma das formas mais importantes de prevenir mortes maternas e neonatais evitáveis.

Se toda mulher grávida tivesse acesso a uma parteira bem treinada e atenciosa, estaríamos muito mais perto de um mundo onde todo parto é seguro.

Em vez disso, muitos sistemas de saúde continuam a marginalizar essa força de trabalho majoritariamente feminina, tratando mal as parteiras em termos de remuneração, condições de trabalho e oportunidades para aprimorar habilidades. Este cenário, junto com a escassez global de 900.000 parteiras profissionais, reflete a suposição de que elas não são profissionais de saúde essenciais. Isso não poderia estar mais longe da verdade.

Parteiras salvam vidas.

Em todo o mundo, em países que investem em uma força de trabalho de obstetrícia capacitada, mais mães e bebês sobrevivem e prosperam. As parteiras fornecem informações essenciais sobre saúde sexual e reprodutiva, incluindo planejamento familiar, e ajudam as pessoas a lidar com questões frequentemente delicadas em vários contextos, inclusive em contextos humanitários. As parteiras profissionais costumam ser as únicas profissionais de saúde que atendem pessoas em locais de difícil acesso.

As consequências de não ter parteiras qualificadas em número suficiente são alarmantes. Décadas de progresso na prevenção de mortes maternas foram interrompidas. Todos os anos, 287.000 mulheres em todo o mundo perdem a vida ao dar à luz; 2,4 milhões de recém-nascidos morrem e outros 2,2 milhões são natimortos.

Não precisa ser assim. O acesso universal a parteiras oferece a melhor e mais econômica solução para acabar com as mortes maternas evitáveis. Ao eliminar o déficit no número de parteiras, poderíamos evitar dois terços das mortes maternas e neonatais, salvando mais de 4,3 milhões de vidas por ano até 2035.

Em cerca de 125 países, o UNFPA defende fortemente a assistência obstétrica de qualidade. Evidências mostram que parteiras competentes podem fornecer 90 por cento dos cuidados essenciais de saúde sexual e reprodutiva, mas, por serem subutilizadas e escassas, representam apenas 10% das pessoas que atualmente prestam esses serviços. Os modelos de cuidados liderados por parteiras melhoram os resultados de saúde, aumentam a satisfação do paciente e reduzem os custos. Embora as parteiras sejam frequentemente relegadas à periferia dos cuidados de saúde, todas as evidências sugerem que elas deveriam estar no centro.

Com as taxas de mortalidade materna estagnadas e o prazo dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda de 2030 se aproximando rapidamente, promover e investir na obstetrícia é mais importante do que nunca. O UNFPA liderou uma campanha global nesse sentido, inclusive por meio de relatórios inovadores sobre a situação das parteiras no mundo. De 2009 a 2022, o UNFPA ajudou os países a educar e treinar 350.000 parteiras de acordo com os padrões internacionais para ajudar a melhorar a qualidade dos cuidados que prestam.

Hoje, mais países estão caminhando para a cobertura universal de saúde, de acordo com os ODS. Isso cria uma oportunidade para dar um passo há muito esperado: reconhecer e tratar formalmente as parteiras como profissionais de saúde essenciais e respeitadas.

Toda mulher tem direito a cuidados de saúde que salvam vidas. As parteiras são fundamentais para ajudar a fazer isso acontecer. Neste Dia Internacional das Parteiras, vamos reconhecer plenamente as habilidades e contribuições das parteiras e investir nelas para salvaguardar a vida e proteger a saúde e o bem-estar de mulheres, recém-nascidos e comunidades em geral.

Por Dra. Natalia Kanem, Diretora Executiva do UNFPA