Brasília, 01 de Outubro de 2015 – Em cerimônia realizada nesta quarta-feira, 30, a Casa da ONU no Brasil inaugurou oficialmente o novo módulo do Complexo Sérgio Vieira de Mello, no Setor de Embaixadas Norte, Brasília. Cerca de 200 pessoas, dentre embaixadores e embaixadoras, políticos e representantes dos governos federal e distrital, ativistas do movimento negro e de mulheres negras, participaram do evento.
O novo espaço reúne os escritórios de representação do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), da Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres), do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS). Os cerca de 80 funcionários e colaboradores destes organismos se somam a outros 100 colegas já instalados na Casa da ONU desde a inauguração do primeiro módulo, em novembro de 2012.
As representantes do PNUMA, Denise Hamú, do UNAIDS, Georgiana Braga-Orillard, da ONU Mulheres, Nadine Gasman, e o representante do UNFPA, Jaime Nadal, discursaram na cerimônia, agradecendo, principalmente, a Jorge Chediek, que encerrou ontem seu mandato como Coordenador Residente do Sistema ONU no Brasil.
Em tom de despedida e satisfação pela nova conquista, Chediek destacou: “Nós começamos isso tudo do zero, quando havia apenas um buraco no chão, e destacamos a importância de ter a Organização das Nações Unidas em um país como o Brasil, cujas ideias do governo estão tão alinhadas com as nossas”.
O prédio recebeu o nome de Lélia Gonzalez, em homenagem à ativista brasileira, ícone do movimento negro e de mulheres negras, tendo como marco a Década Internacional de Afrodescendentes, os 20 anos da Declaração e da Plataforma de Ação de Pequim e os 70 anos da ONU. A secretária executiva da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), Linda Goulart, e asecretária de Políticas para Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos do Distrito Federal (Semidh), Marise Nogueira, prestigiaram a cerimônia.
Em discurso emocionado, o filho de Lélia Gonzalez, Rubens Rufino, falou sobre a satisfação em ver a mãe homenageada pelas Nações Unidas. “O fato de um prédio da ONU levar o nome da minha mãe mostra que os negros estão cada vez mais fazendo história no Brasil”. Além dele, os netos Melina e Marcelo Marques estiveram presentes na homenagem.
Está aberta a funcionários e funcionárias da Casa da ONU, até o dia 30 de outubro, a visitação à exposição sobre a homenageada, organizada pela Rede de Desenvolvimento Humano (Redeh) e pela Fundação Banco do Brasil (FBB), no hall de entrada do novo prédio.
Sobre o Prédio
Situado no Setor de Embaixadas Norte, a construção do prédio teve início em 15 de outubro de 2014, totalizando exatamente 10 meses e 15 dias de obras, gerenciadas pelo Escritório das Nações Unidas para Serviços de Projetos (UNOPS). O desenho arquitetônico e a engenharia ficaram a cargo do escritório Paulo Bruna Arquitetos Associados, que utilizou os parâmetros internacionais de edificações de consumo energético.
O prédio foi concebido para o melhor aproveitamento de luminosidade da cidade de maneira a reduzir a necessidade de consumo energético. Além disso, utiliza um sistema de ar condicionado inteligente, que reduz o consumo de energia em 45% em relação a sistema de refrigeração tradicional central de mesmo porte. É, portanto, um edifício inteligente de baixo consumo de energia, pelo tipo de lâmpadas e de sistemas de ar condicionado.
O terreno situado no Setor de Embaixadas Norte foi doado pelo Governo do Distrito Federal à ONU há várias décadas e tem 22.500 m2. Nesta etapa, a área total de construção foi de 1.780 m2 – o módulo I conta com uma área construída de 3.100 m2.
NOTA AOS EDITORES
Lélia Gonzalez - Lélia Gonzalez nasceu no dia 1º de fevereiro de 1935, em Belo Horizonte. Graduou-se em História e Filosofia e trabalhou como professora da rede pública de ensino. Fez o mestrado em comunicação social e o doutorado em antropologia política. Começou então a se dedicar a pesquisas sobre relações de gênero e etnia. Foi professora de Cultura Brasileira na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, onde chefiou o departamento de Sociologia e Política.
Ajudou a fundar instituições como o Movimento Negro Unificado (MNU), o Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN), o Coletivo de Mulheres Negras N'Zinga e o Olodum. Sua militância em defesa da mulher negra levou-a ao Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), no qual atuou de 1985 a 1989.
Para saber mais sobre a vida e a obra de Lélia Gonzalez, acesse:http://www.projetomemoria.art.br/leliaGonzalez/
Crédito da foto: Fabio Donato/ PNUD Brasil