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Brasília - Qual o impacto do processo de Revisão do Plano de Ação da CIPD para a juventude brasileira? O que representa o debate da Agenda Pós-2015 para essa parcela da população? Essas foram algumas questões refletidas por jovens representantes do CONJUVE e Sociedade Civil, além de representantes do UNFPA e da SNJ, durante a reunião devolutiva sobre o Fórum Global de Juventude.

 

Fórum Global da Juventude aconteceu em dezembro do ano passado, em Bali, Indonésia, e contou com a participação de 650 jovens de 180 diferentes países - um grupo que representou jovens de todo o mundo, ou seja, cerca de 43% da população mundial. Os jovens brasileiros estiveram representados por Áquila Rosa e Arcilon Rocha, participantes do Conselho Nacional da Juventude (CONJUVE), Thaís Zimbwe e Ivens Reyner, selecionados entre os inscritos no site do Fórum, e Richarlls Martins, integrante do  ICPD Youth Steering Committee, grupo responsável pela organização do Fórum Global da Juventude.

Durante a reunião devolutiva, os participantes compartilharam suas experiências e impressões sobre o Fórum. Segundo eles, o encontro foi uma oportunidade para propor recomendações para as políticas de desenvolvimento da juventude em nível global. Para Thaís Zimbwe, “essa experiência foi muito importante para a abertura de espaços para a juventude. Foi um avanço no processo de incidência”.

Como preparação para o Fórum de Bali, lideranças juvenis da América Latina e Caribe se reuniram no Panamá afim de socializar informações e alinhar o diálogo. Para Thaís Zimbwe, o encontro prévio foi  “essencial para garantir que a delegação regional estivesse afinada e que todos os jovens e suas redes fossem contemplados no discurso final”.

O resultado da grande reunião em Bali foi a Declaração do Forum Global da Juventude. Thaís aponta o documento como “uma enorme conquista, com muitas possibilidades de trabalhos e ações para os países”. Para Richarlls Martins, “Bali representa um marco do Sistema ONU no que tange à juventude”. “A declaração é um documento muito progressista e foi colocado em linguagem oficial da ONU”, comemorou.

Fórum da Juventude contribui para o processo de Revisão da CIPD

O Fórum Global da Juventude foi a primeira estratégia global do extenso processo de Revisão do Plano de Ação da Conferência Internacional de População e Desenvolvimento (CIPD), que aconteceu no Cairo em 1994. Richarlls destaca o acontecimento: “pensar a agenda do Cairo a partir da Juventude é muito significativo para nós”.

O processo de revisão, que se encerra em 2014, ocorre no marco da Resolução 65/234 da Assembleia Geral da ONU e tem “possibilidade de avanços”, segundo Richarlls. Thais Zimbwe assinalou a importância do documento gerado em Bali para o processo: “o documento do Fórum Global de Juventude tem servido de base para todo o processo de revisão do Cairo. E temos que utilizá-lo ainda mais como insumo, ou seja, potencializar mais na construção de acordos e ações”.

Além da reflexão sobre a juventude, a revisão do plano de ação abordará os temas saúde das mulheres e direitos humanos. Também contribuirão para esse processo discussões e propostas elaboradas em Conferências Regionais sobre População e Desenvolvimento. A primeira Conferência Regional aconteceu em agosto, em Montevidéu, com participação de países da América Latina e Caribe, e deixou como legado o Consenso de Montevidéu, documento acordado por todos os 38 países presentes.

A juventude esteve entre os diversos temas revisados da agenda do Cairo durante a Conferência em Montevidéu. De acordo com Richarlls Martins, a Declaração de Bali foi usada incessantemente como subsidio na abordagem do tema. Como resultado, o Consenso de Montevideu está sendo considerado “o documento mais progressista até este momento para o processo de revisão”, completou ele.

Apesar dos avanços, a juventude ainda tem um longo caminho a percorrer. Bruno Vanhoni, Assessor Internacional da SNJ, apontou a dificuldade de se incluir o tema juventude, e em especial o jovem como sujeito de direitos em espaços internacionais. “O que a Conferência Regional sobre População e Desenvolvimento mostrou é que, se não houver esforço coordenado e conjunto entre militantes da juventude, governo e organismos de cooperação internacional, levará mais tempo ainda para que as pessoas entendam as questões da juventude e possamos enxergar os avanços”.

Agenda de desenvolvimento para além de 2015

A reunião devolutiva sobre o Fórum Global de Juventude foi também uma oportunidade para que as lideranças juvenis presentes se atualizassem sobre a construção da Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 e abordagem da juventude no processo.

João Felipe Scarpelini, da  Coalizão de Jovens Brasileiros pelo Pós-2015, fez um breve relato sobre as principais ações e desafios enfrentados pela sociedade civil, em especial as lideranças jovens, neste processo. “Quando os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio foram definidos, os governos já previam que entre 2013-2015 eles seriam revistos, com o objetivo de determinar o que foi alcançado e discutir se as metas seriam prolongadas ou modificadas. Por outro lado, temos a Rio+20, que foi uma continuação das Conferências de Meio Ambiente e que teve como uma das contribuições finais a recomendação de se criar metas de desenvolvimento sustentáveis. Logo, para se repensar os ODMs teríamos que levar em consideração o meio-ambiente como tema transversal”. Segundo Scarpelini, os trabalhos apontam para a unificação esses dois processos.

No momento, a sociedade em geral pode participar ativamente da construção dessa agenda por meio da consulta global da ONU chamada MyWord. Basta preencher um questionário online e dar a opinião para a construção de um mundo melhor. Scarpelini destaca que a preocupação atual do Brasil em relação a pesquisa é a de aumentar o número de jovens participantes. “Outra preocupação também tem sido a de trabalhar com os diferentes grupos temáticos”, completa. O membro da Coalizão de Jovens Brasileiros pelo Pós-2015 revelou a proposta de incluir na plataforma Myworld a “Juventude Temática”, ou seja, dar espaço aos jovens que defendem bandeiras LGBT e ambientalistas, entre outras.