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Ausência de público preocupa autoridades e pode contribuir no crescimento de casos de Covid-19 na cidade. Mobilização social sobre a importância da vacinação pode ser uma das estratégias de ação

 

A imunização contra a Covid-19 na capital baiana avança para a faixa etária de pessoas adolescentes e jovens e, com isso, os índices de vacinação revelam uma baixa participação nos pontos de vacinação. De acordo com a prefeitura da cidade, cerca de 50 mil jovens, com idades entre 18 e 21 anos, ainda não tomaram a vacina. No mês em que se celebra o Dia Internacional da Juventude, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) chama a atenção para a importância da realização de ações de mobilização e sensibilização entre o público jovem.

“A retomada da vida social, a estabilização da economia e o incremento de novas oportunidades laborais depende unicamente de um grande número de pessoas vacinadas”, reflete Michele Dantas, oficial de projetos do UNFPA e responsável pelo escritório do Fundo na Bahia. “A extensão da pandemia tem acirrado inúmeras desigualdades sociais. Precisamos nos unir em estratégias de enfrentamento às exclusões e desigualdades provocadas neste período, como o aumento da violência de gênero e as barreiras no acesso ao ensino e oportunidades de emprego. O poder público deve realizar mais ações de promoção da vacinação e estratégias de prevenção, para que sejam desmistificados os temores sobre efeitos colaterais da vacina e a crença de  que a Covid-19 só afeta pessoas idosas, todos nós somos passíveis dos efeitos do vírus, por isso todas as pessoas precisam tomar todas as medidas de prevenção, inclusive se vacinarem”, afirma.

Jovens vacinados, sim

Atrair o público jovem para a vacinação tem sido um desafio. Ações culturais e esportivas nos postos de vacinação podem ser uma boa estratégia, sugere a ativista Tatiane dos Anjos,  coordenadora da organização de juventude Rede de Protagonistas em Ação de Itapagipe (REPROTAI).

“Os jovens não aderem a vacina por falta de confiança no produto, muitos jovens com quem conversei não querem se vacinar para não passar pelos efeitos colaterais das vacinas, eles não se sentem confiantes. Outra questão é que muitos ainda não aderem aos protocolos de higienização pela falta de hábito com esse processo, o que na visão deles causa um incômodo. O governo precisaria adotar uma medida dinâmica para incentivar a juventude a marcar presença nos pontos de vacinação”, comenta Tatiane.

A pandemia tem provocado impactos significativos na população jovem, principalmente no que diz respeito a continuidade dos estudos e no acesso a oportunidades de trabalho. “A Covid-19 também trouxe uma nova realidade de estudos e emprego de forma remota, que não se distribuiu de maneira equânime na população brasileira, principalmente entre a população mais jovem”, explica Michele Dantas.

Um estudo liderado pela Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP) e o UNFPA Brasil demonstra que as medidas a serem adotadas no enfrentamento da crise, principalmente no que diz respeito ao mundo do trabalho, ainda são uma incógnita e, portanto, é difícil prever se a juventude será prioridade nessa retomada. O que não deixa dúvidas é que existe um desafio enorme pela frente para incorporação desses jovens ao mercado de trabalho, sobretudo ao trabalho formal.

Mobilização social

Como contribuição ao processo de mobilização para imunização contra a Covid-19, principalmente na garantia de vacinas para as populações que estão em situação de maior vulnerabilidade, o UNFPA, em parceria com o Instituto Odara – organização baiana que atua na defesa dos direitos de mulheres negras  –,  realizou uma oficina virtual no primeiro semestre deste ano sobre comunicação e advocacy para organizações sociais do nordeste, com foco na adoção de estratégias para um olhar mais efetivo às pessoas em situação de maior vulnerabilidade dentro dos grupos de maior risco, no intuito de não deixar ninguém para trás.

“A oficina possibilitou uma mobilização coletiva das organizações sobre a imunização contra a Covid-19 a partir de diversas iniciativas sobre a defesa da vacinação. Atualmente, o grupo segue ativo, via online, para o compartilhamento de ações e trocas de experiências sobre o enfrentamento à pandemia”, explica Alane Reis, integrante do Instituto Odara.

A pandemia da Covid-19 apresenta diversos desafios à juventude. O trabalho com este grupo populacional é uma das prioridades de ação do UNFPA na Bahia por considerar que eles são o principal motor de mudança na sociedade. No estado, as ações desenvolvidas em parceria com governos e a sociedade civil organizada giram em torno dos temas de educação em saúde sexual e reprodutiva e direitos, liderança e participação política, gravidez não intencional na adolescência e, devido a pandemia, ações de prevenção e estímulo à vacinação.