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Encontro aconteceu antes da Cúpula da Amazônia, que reúne lideranças de Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela para promover ações e políticas para a Amazônia e as populações dessa região

BELÉM, Pará - Ampliar o diálogo sobre autonomia corporal e juventude para contextos de mudanças climáticas é uma forma de promover espaços para ouvir as pessoas que mais serão afetadas nos próximos anos. Para esse debate, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) participou dos Diálogos Amazônicos, que aconteceram em Belém do Pará, dos dias 04 a 06 de agosto. 

O evento reuniu mais de 20 mil pessoas entre sociedade civil, organizações do terceiro setor, empresas privadas e comunidade científica para elaboração de recomendações que foram encaminhadas para as autoridades durante a Cúpula da Amazônia.


O Especialista em Juventude do UNFPA para América Latina e Caribe Allán Osório, na plenária transversal de juventudes. Créditos: UNFPA Brasil/Thaís Gouveia

Plenária Transversal de Juventudes

A Plenária Transversal de Juventudes, que aconteceu no dia 05 de agosto, debateu a inclusão dessa população na formulação de políticas que considerem não só as crises climáticas, mas também as pessoas jovens que vivem nesses ambientes.

Para Allán Osorio, Especialista em Juventude do UNFPA para América Latina e Caribe é fundamental incluir a juventude no debate climático. “Quem está liderando as discussões sobre mudanças climáticas e meio ambiente a nível global são as juventudes. E são essas mesmas juventudes que  pedem que decisões tomadas sobre as questões climáticas incorporem o enfoque intersecional”, afirmou.

A plenária foi mediada pelo Secretário Nacional de Juventudes, Ronald Santos, e por Emanuelle Araújo Borges, líder da juventude do Movimento Sem Terra e contou  com a participação de Gahela Cari Contreras, da Federación Nacional de Mujeres Campesinas Artesanas indígenas Nativas y asalariadas del Peru, Darlly Tupinambá, Conselheira Nacional de Juventude do Brasil, Veronica Inmunda da Confederación de Nacionalidades Indígenas de la Amazonía Ecuatorianal, Manfred Lopes Velarde, Diretor de Juventude da Bolívia, Aulaguea, Vice-presidente da  Fédération des Organisations Autochtones de Guyane (FOAG) da Guiana Francesa e Allán Osorio, Especialista em Juventude do UNFPA para América Latina e Caribe.

“É necessário incorporar uma perspectiva integral para as mulheres em toda a sua diversidade. O futuro depende da Amazônia e dos cuidados com os territórios, portanto as políticas de cuidado e proteção ambiental e da Amazônia precisam ter uma perspectiva integral incorporando medidas concretas desde a perspectiva de gênero para prevenir e eliminar, ao mesmo tempo, racismo, machismo e todas as formas de discriminação” reforça Gahela.

Reunião de lideranças governamentais de juventude dos países que compõem a organização do tratado de Cooperação Amazônica (OTCA)

No segundo dia dos Diálogos, o UNFPA  em parceria com a Organização Internacional para Juventude e a Secretaria Nacional de Juventudes , promoveram uma reunião entre as lideranças de juventude dos países amazônicos para compartilhar boas práticas de políticas públicas de juventude, elaborar uma declaração de compromissos das instâncias juvenis do países membros da OTCA e desenvolver um plano de trabalho conjunto para organizações juvenis dos países membros da OTCA.

“Nós, enquanto Bolívia, sentimos a necessidade de contribuir, trabalhar e fazer uma ação política. Mas tem que ser uma ação política coletiva, não individual. Nós, especialmente todos os jovens, temos que apresentar um plano regional, um marco regional, não só para o benefício de hoje, mas também para o futuro que está vindo”, pontuou Manfred.


Participantes da oficina “Meu Corpo, Minha Vida, Meu Mundo: "Autonomia corporal, saúde e direitos no contexto das mudanças climáticas”. Créditos: UNFPA Brasil/Thaís Gouveia

Oficina “Meu Corpo, Minha Vida, Meu Mundo: Autonomia corporal, saúde e direitos no contexto das mudanças climáticas”

As juventudes dos Diálogos Amazônicos também participaram da oficina organizada pelo UNFPA, intitulada “Meu Corpo, Minha Vida, Meu Mundo: "Autonomia corporal, saúde e direitos no contexto das mudanças climáticas”, que teve como objetivo assegurar o debate entre a sociedade civil, organizações de jovens e gestores públicos sobre a importância de construir políticas públicas que considerem os aspectos de gênero, raça e saúde sexual e reprodutiva e direitos nas respostas às mudanças climáticas.

Para Marília Lisboa, uma das jovens que participou da oficina, as mulheres e meninas são especialmente afetadas pelas mudanças. “Não tem como se falar de mudanças climáticas, dos impactos ambientais negativos, sem falar de como esses impactos agravam as desigualdades de gênero, que são estruturais”, destaca ela. 

Outro fator mencionado é o cuidado com a saúde mental dos jovens que defendem a Amazônia. “É muito importante que se valorize o psicológico desses jovens, da juventude que está reconectando com o seu corpo, descobrindo a sua essência”, ressalta Vinicius Sousa, jovem que participou da oficina.