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Conversas online, medo e preocupação com a saúde da família: pesquisa revela como adolescentes paranaenses têm vivenciado a Covid-19

Conversas online, medo e preocupação com a saúde da família: pesquisa revela como adolescentes paranaenses têm vivenciado a Covid-19

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Conversas online, medo e preocupação com a saúde da família: pesquisa revela como adolescentes paranaenses têm vivenciado a Covid-19

calendar_today 05 June 2020

A pesquisa identificou quais os sentimentos experimentados, os métodos contraceptivos e outros materiais em saúde que jovens têm acesso (UNFPA Brasil/Divulgação)

Enquete realizada pelo UNFPA e ITaipu Binacional mapeou os principais sentimentos e necessidades de adolescentes da região oeste do Paraná durante a pandemia do novo coronavírus 
 

O projeto Prevenção e Redução da Gravidez Não Intencional na Adolescência nos Municípios do Oeste do Paraná, uma ação do UNFPA Brasil em parceria com a Itaipu Binacional, divulga os dados da enquete “E aí, como está a sua vida neste período de isolamento social?”. A consulta virtual foi composta por questões de múltipla escolha e buscou conhecer como adolescentes estão vivenciando o distanciamento social. A pesquisa identificou quais os sentimentos experimentados, os métodos contraceptivos e outros materiais fundamentais em saúde que essas/esses jovens têm acesso, como também as formas de ocupação do tempo, os meios de comunicação usados, entre outros temas. 

Segundo a pesquisa 37% das/dos adolescentes do oeste do estado do estado do Paraná está com medo em relação a Covid-19, e sua maior preocupação é a saúde da família (80%). E 72% das/dos adolescentes ocupam o seu tempo de maneira virtual utilizando o computador, celular ou tablet para conversar com amigas/amigos, estudar, e assistir filmes e séries. 

Participaram da enquete, realizada entre os dias 3 e 27 de abril, 382 pessoas da região com  idades entre 15 e 18 anos (57%), 10 e 14 anos (18%) e 19 e 24 anos (8%). A maioria das pessoas que responderam as perguntas se identificaram com o gênero feminino, 73% e 26% com o gênero masculino. 

Os dados foram recolhidos de maneira online, através de formulário compartilhado nas redes sociais do UNFPA Brasil e Itaipu Binacional, e também por meio de convite dentro da rede de contatos do projeto via aplicativos de troca de mensagens instantâneas.  

A enquete alcançou jovens de municípios do oeste do estado do Paraná como: Assis Chateaubriand (0,3%), Centenário do Sul (0,3%), Coronel Vivida (0,3%), Francisco Alves (0,3%), Itaipulândia (0,3%), Santa Terezinha de Itaipu (0,5%), Toledo (0,5%), Guaraniaçu (0,8%), Ibema (0,8%), Marechal Cândido Rondon (0,8%), Diamante d’Oeste (1,0%), Capitão Leônidas Marques (1,6%), Igatu (2,1%), Ubiratã (2,1%), Formosa do Oeste (3,1%), Ramilândia (3,1%), Céu Azul (3,9%), Nova Santa Rosa (4,5%), Cascavel (10,2%), Vera Cruz do Oeste (12,6%), Palotina (13,6%), Foz do Iguaçu (30,6%). Mas também abrangeu outros municípios paranaenses como Maringá (0,8%) e Curitiba (1,3%). 

Ocupação do tempo, preocupações e sentimentos  

Os dados revelam que a principal preocupação dos e das jovens neste momento é a saúde da família (80%), esse item aparece acentuadamente nas respostas de meninas (82%), em contrapartida surge em 73% das respostas dos meninos. Entre as demais preocupações se destacam os temas: futuro (61%) e educação (62%). E sobre a ocupação do tempo durante a pandemia ocorre uma dedicação em atividades no computador, celular ou tablet (72%) como assistir filmes/séries (71%), e conversar com amigas/amigos (63%). 

Em relação ao estado emocional a enquete perguntou Como você se sente sobre a Covid-19? e obteve como resultado principal o medo com 37% das respostas, mas as/os respondentes também indicaram que estão confiantes (18%), tranquilos(as) (25%), tristes (23%) e ansiosos(as) (31%) em relação à pandemia da Covid-19. Nessa variável se percebe que entre os meninos a tranquilidade surge para 43% dos respondentes, mas para as meninas o sentimento de tranquilidade aparece somente para 15% das participantes. 

As principais necessidades e suas relações com o trabalho e a violência de gênero

A enquete também questionou sobre quais materiais fundamentais para passar pela pandemia que as/os adolescentes tinham acesso e os dados demonstram que 89% das/dos participantes possui alimentação suficiente para a família, e 86% possuiu moradia. Outros 84% respondentes contam com água potável o que se torna uma porcentagem abaixo da média do estado paranaense, pois segundo o Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Regional, o estado do Paraná possui 71,4% da sua população total atendida pela rede de esgoto, e 94,4% da população total com acesso a rede de água.

Outro número relevante é que 83% das/dos participantes da enquete dispõe de internet no seu domicílio. Tal dado é contrastante com a realidade brasileira, pois de acordo com a pesquisa TIC Kids 2019, existem 4,8 milhões de crianças e adolescentes de 9 a 17 anos de idade vivendo em domicílios sem acesso à internet no Brasil. Essa parcela da população no contexto da Covid-19 também fica sujeita a uma série de exclusões que inclui acesso a serviços sociais e educação. 

As respostas obtidas pela pesquisa salientam também que a maioria das/dos jovens e adolescentes tem vivido o distanciamento social de forma intensa dentro de casa (26,2%). Esse dado demonstra uma outra realidade em tempos de crise, quando mulheres e meninas ficam suscetíveis ao aumento de violência por parceiro íntimo e outras formas de violência doméstica devido ao aumento das tensões na família ou pelo período dentro de casa. Os impactos financeiros das epidemias também aumentam o risco de outras formas de violência baseada em gênero, como exploração e abuso sexual. Desse modo, em contexto de pandemia a manutenção de serviços para o combate da violência e exploração sexual se tornam essenciais nesse contexto. 

Ainda quando perguntado sobre os motivos para sair de casa, 66,2% das/dos jovens ainda precisam sair de casa para trabalhar. E os trabalhadores jovens têm sido os mais atingidos pelas consequências econômicas da Covid-19, aponta artigo publicado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Entre as razões está a redução de horas de trabalho ou demissões em períodos de crise, a informalidade, e a ausência de benefícios sociais.  

“Tá sendo um pouco chato ter que ficar sozinha dentro de casa porque eu moro sozinha, porém sei que é pra minha proteção e a proteção das outras pessoas. Mas ficar mais sozinha do que antes está me dando muitas crises de ansiedade. E não poder ver minha família ou meus colegas de turma, de trabalho, ou meu crush ta sendo difícil. Mas tomara que isso tudo normalize logo”, confessou uma das adolescentes participantes da pesquisa. “Pra mim tem sido tranquilo, eu estou obedecendo a ordem de quarentena, como eu fico com meus sobrinhos eu ocupo esse tempo, porém sinto falta de sair com os amigos. Mas nesse período, ficar em casa é um ato de amor e empatia!”, declarou outro adolescente respondente.

O projeto Prevenção e Redução da Gravidez Não Intencional na Adolescência nos Municípios do Oeste do Paraná também perguntou O que você considera importante que o projeto ofereça para você?, e 41% responderam que gostariam de estratégias para ocupar o tempo, outros 39% dos respondentes desejam informações sobre redes de atendimento às violências, e 30% aprovam ter acesso a informações sobre coronavírus para adolescentes. As informações gerados pelo questionário servirão para programar atividades online, especialmente aquelas que unem educação e conscientização, como é o formato da caravana Tá no Rumo, bem avaliada pelas/os participantes da pesquisa.   

A criação da enquete está baseada nos posicionamentos do UNFPA sobre a COVID-19 que acompanha as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e que chama a atenção a garantia de direitos das populações adolescentes e jovens,inclusive durante a pandemia. 

Saiba mais sobre a enquete

Relatório de pesquisa

Infográfico 

Gráficos