Em colóquio na Universidade de Brasília (UnB), a representante auxiliar do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Fernanda Lopes, alertou que, no Brasil, as adolescentes negras estão têm mais chances de engravidarem quando não desejam ter filhos.
Outros problemas que se agravam entre essa população, na comparação com outros grupos étnicos, é a probabilidade de ser vítima de violência e de contrair infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
“Sabemos que os riscos de uma gravidez não intencional na adolescência são maiores para garotas que vivem em contextos de pobreza. Estas meninas têm maior risco de adquirir ISTs, de serem vítimas de violência e sujeitas a mortes maternas. No Brasil, este grupo de adolescentes é prioritariamente negro”, explicou a especialista na abertura do evento, na terça-feira (24).
Durante o encontro Gênero, Raça e Sexualidade na Política Global: Desafiando os Estudos em Relações Internacionais, a representante do UNFPA apresentou o mais recente relatório da agência da ONU, a publicação Situação da População Mundial — Mundos Distantes.
A pesquisa mostra como as disparidades — de classe, gênero e etnia — têm consequências dramáticas para a saúde reprodutiva e sexual das mulheres. No Brasil, um em cada cinco bebês nasce de uma mãe com idade entre dez e 19 anos. De cada três mulheres casadas com idade entre 20 e 24 anos, uma se casou antes de completar 18.
Para Fernanda, é necessário aprimorar as capacidades institucionais, bem como passar do reconhecimento do problema à ação. “É preciso que sejam implementadas, monitoradas e avaliadas ações de promoção da equidade. A justiça social é atingida se as desigualdades motivarem ações diferenciadas.”