Declaração da Diretora Executiva do UNFPA, Dra. Natalia Kanem, no Dia Internacional das Pessoas com Deficiência 2022
Para 1 bilhão de pessoas no mundo que vivem com deficiência, a autonomia corporal é um direito, mas nem sempre uma realidade. Muitas vezes, as pessoas com deficiência ficam desprotegidas da violência ou são impedidas de tomar decisões sobre seus próprios corpos e vidas.
O estigma e a discriminação de gênero agravam a negação de seus direitos e escolhas. As mulheres com deficiência têm até 10 vezes mais chances de sofrer violência de gênero e muitas vezes são impedidas de acessar informações e serviços de saúde sexual e reprodutiva. Muitos sofrem práticas de saúde coercitivas, incluindo esterilização forçada e aborto, bem como tratamentos abusivos.
À medida que o mundo ultrapassa a marca de 8 bilhões de pessoas e reconhece os avanços que levaram a vidas mais longas e saudáveis, é hora de acabar com as profundas disparidades que ainda deixam tantas pessoas com deficiência para trás. Precisamos criar um ambiente no qual cada pessoa possa florescer livre de barreiras à acessibilidade ou qualquer outro obstáculo para realizar seu direito a uma vida digna.
No UNFPA, apoiamos a iniciativa “Nós Decidimos” ("We Decide", em inglês), um esforço global para incluir e capacitar mulheres e jovens com deficiência. Juntamente com parceiros, estamos defendendo inovações e tecnologias que promovam os direitos das pessoas com deficiência. Muitas vezes, as pessoas com deficiência são deixadas de fora da democratização digital. Durante a pandemia de COVID-19, por exemplo, muitas plataformas de aprendizado remoto, inclusive para educação sexual abrangente, não eram totalmente acessíveis, embora adolescentes e jovens com deficiência precisem de informações adequadas à idade sobre saúde sexual e reprodutiva – assim como qualquer outro jovem. .
A promessa do mundo digital é imensa. Os telefones celulares, por exemplo, podem abrir o acesso a informações e serviços, trazendo benefícios que mudam vidas. No entanto, o acesso não é suficiente; devemos assegurar a colaboração e a participação. Reunir pessoas com deficiência com parceiros tecnológicos para inovar e cocriar soluções de serviços faz parte do nosso compromisso de atender ao chamado: “nada sobre nós sem nós”.
Este é apenas um dos muitos passos em direção ao mundo que queremos, que funcione para todos os 8 bilhões de nós. Isso não é possível se mais de 1 bilhão de pessoas com deficiência forem deixadas para trás. Neste dia, vamos nos comprometer novamente com um mundo onde todas as pessoas estão incluídas e têm oportunidades iguais de prosperar. Façamos todo o possível para defender e respeitar os direitos, as escolhas e a dignidade de todos.
Por Dra. Natalia Kanem