O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) tem reforçado diariamente uma meta ambiciosa para alcançar três zeros até 2030: zero necessidades insatisfeitas de contracepção, zero mortes maternas evitáveis e zero violências ou práticas nocivas contra mulheres e meninas. Diante disso, o UNFPA Brasil, a Secretaria da Mulher e outros órgãos do Governo do Distrito Federal (GDF) lançaram nesta quarta-feira, 9, o programa “Jornada Zero Violência contra mulheres e meninas” no Paranoá, região administrativa do Distrito Federal.
O objetivo do programa é mobilizar a sociedade e articular uma rede de enfrentamento à violência contra a mulher nas regiões administrativas do Distrito Federal. O Paranoá foi a primeira cidade escolhida por ter um dos maiores índices de feminicídio e violência de gênero do DF. De acordo com a secretária da Mulher do DF, Éricka Filippelli, de janeiro a junho de 2019 foram registradas 277 denúncias de violência doméstica no Paranoá. Dos 19 feminicídios registrados de janeiro e agosto deste ano, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do DF, dois foram na cidade.
Diversos órgãos do Distrito Federal estão envolvidos nas ações mobilizadoras, como por exemplo: Secretaria de Governo, Secretaria de Cidade, Casa Civil, Secretaria de Segurança Pública, Secretaria de Saúde, Secretaria de Desenvolvimento Social, Secretaria de Justiça, dentre outros.
De acordo com Ericka Filippelli, a jornada é um programa para todas as pessoas. “A gente precisa trilhar uma jornada juntos. Nossa sugestão é que esses parceiros façam parte do comitê gestor distrital do Programa Jornada Zero e que, da mesma forma, essa composição seja replicada a nível regional com representantes dos equipamentos correspondentes a cada uma destas secretarias. A gente precisa unir uma rede para poder acolher, informar e dar todo o direcionamento para a mulher”, afirma Ericka Filippelli.
Representando o UNFPA no evento, a oficial de programa para Segurança de Insumos em Saúde Sexual e Reprodutiva, Nair Souza, disse que para acabar com a violência contra mulheres e meninas, é necessário buscar o fortalecimento das instituições e serviços. “A violência contra mulheres e meninas é provavelmente a violação de direitos humanos mais difundida do mundo, além de ser um grave problema de saúde pública, que ocorre em diversas classes sociais. É preciso garantir que as mulheres tenham informação, acesso a serviços e segurança para decidir sobre os rumos de sua próprias vidas”, destaca Nair
Como vai funcionar?
A “Jornada Zero Violência contra mulheres e meninas” vai envolver vários agentes mobilizadores (do setor público e da sociedade civil) do Paranoá. No dia 17 de outubro, toda a comunidade da região será convidada a fazer uma jornada pelos locais e equipamentos públicos onde não é apenas possível registrar uma denúncia de violência, mas também obter acompanhamento psicossocial e fortalecer o apoio às vítimas.
Durante a jornada, o UNFPA produzirá um material audiovisual sobre o evento para ser apresentado a líderes mundiais e entidades de diversos países em Cúpula no Quênia.
Rumo a Nairóbi
Este programa faz parte de uma das ações do UNFPA Brasil para reforçar a governos o cumprimento da promoção da saúde e dos direitos das mulheres - uma das metas acordadas por 179 países na Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD) realizada no Cairo, em 1994.
Para reafirmar e cumprir o que foi acordado na Conferência do Cairo, será realizada a Cúpula de Nairóbi, de 12 a 14 de novembro, no Quênia, onde governos, sociedade civil, especialistas e comunidade poderão discutir os avanços e os desafios relativos à promoção dos direitos de mulheres e meninas, e com isso, traçar novos objetivos.