No último sábado, 23, as agências do Sistema ONU, governos estadual e municipal, organizações da sociedade civil e outras entidades envolvidas na resposta humanitária em Roraima receberam o certificado de reconhecimento concedido pelas Forças Armadas do Brasil. A cerimônia aconteceu no Palácio da Cultura, em Boa Vista (RR), em alusão ao primeiro ano da Operação Acolhida. Estiveram presentes o governador do estado de Roraima, Antonio Denarium, a prefeita de Boa Vista, Teresa Surita e o reitor da Universidade Federal de Roraima, Jefferson do Nascimento.
Segundo o responsável pelo escritório do UNFPA em Roraima, Igo Martini, o reconhecimento como “Amigo da Operação Acolhida”, reafirma o compromisso da instituição com a assistência humanitária e dá ânimo para seguir fortalecendo a presença e a missão do UNFPA Brasil. “O UNFPA lidera a ação de prevenção e resposta à violência baseada em gênero e é a agência responsável por assegurar o acesso universal à saúde sexual e reprodutiva. Além disso, apoia a defesa dos direitos de grupos populacionais em situação de maior vulnerabilidade como mulheres, meninas, LGBTI, pessoas idosas, com deficiência, em situação de rua e vivendo com HIV”, afirma Martini.
O coordenador geral da Operação Acolhida, General de Divisão Eduardo Pazuello, destacou todas as etapas de trabalho percorridas desde o início da ação e afirmou que a missão ainda não está concluída e que o trabalho seguirá enquanto houver necessidade. “Nós estaremos presentes, para quem precisar, até o fim”.
A solenidade compôs uma agenda de atividades iniciada no dia 16 de março e que segue até o final do mês. A programação contou com passeio ciclístico, caminhada e feira de exposição dos trabalhos das entidades envolvidas na Operação Acolhida, entre outras ações de acolhimento e integração.
Esporte e integração
No domingo, 24, aconteceu a Corrida Acolhida em Ação, realizada pelo Coordenação da Operação Acolhida, cujo objetivo foi promover um momento de integração entre as pessoas que vivem na cidade, brasileiros e venezuelanos. Entre os participantes da corrida, estavam os jovens J. e B., respectivamente de 16 e 17 anos, que vivem no abrigo Rondon 3, em Boa Vista.
J* está no Brasil há cinco meses. Veio com a família e está estudando o terceiro ano do ensino médio na rede pública de Boa Vista. J* disse que o convívio com os colegas é muito bom. “Eu sou respeitado pelos amigos, nunca ouvi piadas e não sou criticado por ser quem eu sou”, afirmou. Ele e sua família são acompanhados pela equipe do UNFPA, desde a chegada na fronteira.
B* também disse que tem um ótimo relacionamento com seus colegas brasileiros, mas percebe que nem todas as relações entre pessoas venezuelanas e brasileiras são agradáveis. O jovem está matriculado em escola pública e vem participando de atividades de resiliência comunitária.
Além de medalhas e troféus, os cinco primeiros colocados de cada categoria, receberam camisetas da campanha Histórias em Movimento, lançada em janeiro pelo UNFPA, ACNUR e União Europeia para o enfrentamento da xenofobia.
Atuação do UNFPA em Roraima
Desde o início do trabalho na Operação Acolhida, na fronteira entre Brasil e Venezuela, 13 mil atendimentos foram realizados pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) em Roraima. Destes, 77% eram mulheres, incluindo pessoas com autodeclaração de identidade de gênero feminina. O UNFPA está presente em Roraima desde outubro de 2017 e participa das três fases da Operação: Ordenamento de Fronteira, Abrigamento e Interiorização.
As ações dos dois escritórios do UNFPA em Roraima - Boa Vista e Pacaraima, distribuem mensalmente mais de 12 mil preservativos - masculinos e femininos - e gel lubrificantes; em média 3 mil pessoas foram impactadas por rodas de conversa e sessões informativas; 1200 membros das Forças Armadas e colaboradores das Nações Unidas receberam instruções sobre combate à exploração e ao abuso sexual. Além disso, o UNFPA promoveu treinamentos para mais de 45 profissionais de comunicação.
Com o apoio de doadores, o UNFPA mantém atividades nos “Espaços Amigáveis” dos Postos de Triagem de Boa Vista e de Pacaraima; no Centro de Referência ao Imigrante instalado na Universidade Federal de Roraima (UFRR). Em parceria com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e com o apoio da União Europeia (UE) e Fundo Central de Resposta de Emergência das Nações Unidas (CERF), o UNFPA mantém casas para a proteção e promoção da resiliência comunitária.
*As identidades foram preservadas por motivos de segurança