Com o apoio do edital Nas Trilhas de Cairo o Grupo Curumim conseguiu se manter ativo e em contato com a comunidade, em meio à pandemia de COVID-19.
Por Anaís Cordeiro
O Grupo Curumim é uma das organizações beneficiadas pelo segundo edital Nas Trilhas de Cairo, iniciativa do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). O edital é voltado para o fortalecimento institucional de organizações da sociedade civil que trabalham com temas ligados ao mandato do UNFPA. No caso do Grupo Curumim, a organização é uma referência no Brasil na área de saúde sexual e reprodutiva, atuando em Pernambuco desde 1989.
A organização recebe apoio do UNFPA desde a primeira edição do edital, quando colocaram em prática um projeto de reestruturação, analisando e atualizando a documentação institucional. A coordenadora Geral do Curumim, Sueli Valongueiro, relembra que através da reforma do estatuto da organização, a terceira em 30 anos de história, e do Planejamento Estratégico Situacional (PES), foi possível estabelecer prioridades para uma atuação conectada aos desafios atuais das entidades.
"O especial deste edital foi pensar no fortalecimento da organização, principalmente no momento político de fragilidade das organizações. Foi importante e foi no momento certo. Esses dois anos deram uma organizada no nosso pensamento a curto e médio prazo. O edital garantiu os encontros de toda a equipe, coordenação, equipe técnica e administrativa para conversar sobre a instituição", conta Sueli.
Na segunda edição do edital de Nas Trilhas de Cairo, a organização deu sequência à atenção ao planejamento estratégico, e também fortaleceu a sua comunicação interna e externa produzindo boletins, fortalecendo a segurança digital das redes sociais e do site da instituição e alugou um espaço físico maior para o desenvolvimento de projetos com a comunidade. Um desses projetos é o Programa Cunhatã, uma formação técnica e política para o exercício da cidadania e direitos humanos voltada para 20 jovens por edição, com duração de 2 anos.
O Grupo Curumim também atuou em parceria com gestões municipais de Pernambuco visando a conscientização sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) entre professores, gestores educacionais, e estudantes. Além disso, incluiu os temas abordados na Agenda 2030, em especial temas relacionados a direitos sexuais e reprodutivos, no programa de rádio "Revista Feminina", pautado pela organização e que alcança toda a Região Metropolitana do Recife.
Outro projeto de destaque foi a campanha #NãoEraCarinho, que promoveu várias ações de enfrentamento à violência sexual contra meninas, com materiais e estratégias diferentes para cada público: pais, professores e crianças. A iniciativa teve grande repercussão, e contribuiu para solidificar a imagem de organização que trabalha na defesa dos direitos das meninas. "Foi um fortalecimento político importante que essa campanha trouxe", comemora Sueli.
Acalento ao Curumim
Sueli destaca que a organização conseguiu se manter ativa e em contato com a comunidade, apesar da pandemia de COVID-19 e do momento de fragilidade das organizações, porque através do edital elas puderam atender às próprias demandas. Segundo ela, foi fundamental ter recursos para dedicar tempo e energia ao alinhamento estratégico da equipe, o que reverberou em todos os programas desenvolvidos pelo Curumim.
"Como o UNFPA fortaleceu a instituição, ele esteve presente em todas as nossas ações. Quando ele [edital] contribui para o Planejamento Estratégico, ele permite que a equipe olhe pra ela, planeje, pense, e faça análise de conjuntura para todas as ações institucionais. Nesse momento ele não é apenas uma ação pontual, é um projeto de sustentabilidade política e administrativa do Curumim.", afirma.
Concordando com Sueli, a assessora da Curumim, Elisa Anibal, conta que o edital de apoio institucional forneceu um "acalento" para a organização, e fortaleceu a construção de agendas internas. "O apoio do UNFPA é transversal, ele vai permear todos os nossos processos. Se você não consegue olhar pra sua instituição, você não consegue olhar pra fora", diz.
"O edital possibilita que as organizações olhem pra si mesmas, inclusive possibilita que a gente olhe estrategicamente e planeje o que a gente vai levar para o mundo. Esses dois anos de apoio do edital permitiram que a gente olhasse muito pra dentro da nossa instituição e a partir disso, pudéssemos entender, nesses 33 anos de Curumim, a nossa contribuição histórica na vida das meninas e mulheres.", completa Elisa.
Compreendendo ainda que a organização desenvolve um trabalho de aproximação da comunidade com os objetivos e metas globais de enfrentamento das desigualdades e paz, a organização celebrou a oportunidade de parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) por meio do UNFPA: "É muito importante trabalhar com recursos das Nações Unidas porque a gente se sente acolhida nesse lugar. A gente sempre está num lugar de levar proposição, mas esse lugar de receber um aporte para se fortalecer é muito legal.", reitera Sueli.