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“Foi um edital de cuidado”, avalia representante do Grupo Curumim, que recebeu apoio do Fundo de População da ONU

“Foi um edital de cuidado”, avalia representante do Grupo Curumim, que recebeu apoio do Fundo de População da ONU

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“Foi um edital de cuidado”, avalia representante do Grupo Curumim, que recebeu apoio do Fundo de População da ONU

calendar_today 29 September 2021

Equipe do Grupo Curumim, que se mobiliza pelos direitos das mulheres e o enfrentamento à violência de gênero

Com ações voltadas para a saúde sexual e reprodutiva, o enfrentamento às desigualdades de gênero e a defesa do direito e autonomia de mulheres e meninas, grupo é referência em Pernambuco e foi um dos contemplados pelo edital Nas Trilhas de Cairo

Por Fabiane Guimarães

 

Em 1989, um grupo de quatro profissionais da área de saúde de Recife, Pernambuco, começou a discutir a defesa de um tema muito atual: o aperfeiçoamento da assistência ao parto, com maior humanização e autonomia para as mulheres. Mas, na época, não se falava muito sobre o assunto. “Na maior parte das vezes, o médico era um homem, em geral branco, que vinha dizer como a mulher tinha que parir. Médicos que nunca haviam convivido com a pobreza, a não ser por meio de suas pacientes, e não entendiam sobre a vulnerabilidade”, conta Sueli Valongueiro, que é uma das coordenadoras do Curumim, grupo criado para colocar em discussão as relações de poder durante o parto, puerpério e abortamento que, desde então, tem se tornado uma referência na área de saúde sexual e reprodutiva na região Nordeste.

O Curumim — que quer dizer “criança” e simboliza nascimento, em tupi-guarani — foi uma das instituições contempladas pela primeira edição do edital Nas Trilhas de Cairo, iniciativa do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) para apoiar o desenvolvimento institucional de organizações da sociedade civil. Com seus 32 anos de atuação, o grupo expandiu suas atividades e, além da área de saúde sexual e reprodutiva, atua também no enfrentamento às desigualdades de gênero e na defesa mais ampla do direito e autonomia de mulheres e meninas. Por meio de projetos e programas, o Curumim oferece oficinas, formações e campanhas, abordando temas como empreedendorismo, empoderamento das mulheres e enfrentamento à violência sexual, entre outras atividades.

De acordo com Sueli, o apoio fornecido pelo Fundo de População da ONU permitiu que a organização olhasse para dentro e promovesse uma profunda mudança institucional. “Fazia 10 anos que a gente não revisitava a forma como a instituição está organizada. Esse edital foi a oportunidade de retomar e olhar para a gente em um momento de pandemia, de tantas mudanças políticas, de dizer: vamos nos fortalecer. Mudamos nosso estatuto, revisamos nossa linguagem. Foi um gol, um presente”, celebra.

A coordenadora explica a importância do investimento em cultura organizacional: “quando você apoia um projeto institucional, você não apoia uma questão ou uma ação específica. Você apoia a base das outras ações, é um apoio de sustentação”. Durante a pandemia, apesar de ter sentido o impacto, o Curumim conseguiu se manter de pé e realizar importantes ações, como um concurso de redação para ouvir as meninas, uma parceria com uma rádio para a difusão de informações e formações para mais de 500 adolescentes, além do fortalecimento de uma linha assistencial sobre saúde reprodutiva voltada a mulheres, a Linha Vera.

“Conseguimos vencer com todas as dificuldades que essa pandemia trouxe, de pobreza e falta de acesso das mulheres a equipamentos tecnológicos e internet. Foi um trabalho a mais que a gente teve na pandemia. Por meio do edital, conseguimos também contribuir com internet para as meninas”, detalha Sueli.

O apoio do Fundo de População da ONU deixou resultados que serão colhidos por muito, muito tempo, segundo a representante do Curumim. “Foi um edital de cuidado”, define ela. 

Segunda edição

A segunda edição do Nas Trilhas de Cairo está com inscrições abertas até 3 de outubro! Serão investidos mais de R$ 500 mil em pelo menos 11 organizações da sociedade civil que atuam em áreas relacionadas ao seu mandato, com o objetivo de fortalecer as capacidades institucionais de entidades que atuam em defesa dos direitos humanos. Além de fortalecer a atuação da sociedade civil em prol da implementação e monitoramento do  Programa de Ação da Conferência Internacional de População e Desenvolvimento (CIPD), a ação  busca também mitigar o impacto negativo da pandemia de Covid-19 na atuação das organizações.

Para saber mais do edital, acesse o FAQ.

Inscreva-se aqui.