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Coletivo brasiliense celebra avanços após ser contemplado pelo edital Nas Trilhas de Cairo, do Fundo de População das Nações Unidas

Após dois anos de parceria com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), o Distrito Drag comemora muitos avanços institucionais, e o principal deles é o reconhecimento do papel transformador social desempenhado pelo coletivo de arte e Direitos Humanos. O grupo de Brasília, formado há 5 anos, foi uma das organizações apoiadas nas primeiras duas edições do edital Nas Trilhas de Cairo, voltado para o fortalecimento institucional de entidades da sociedade civil. 

Com uma atuação inicialmente focada na mobilização, articulação e formação de artistas transformistas, ao integrar a rede de organizações apoiadas pelo UNFPA, o coletivo expandiu a sua atuação. "Nós nascemos a princípio para trabalhar com arte, cultura e educação, mas entendemos que isso é uma pauta muito relacionada aos Direitos Humanos, e hoje pensamos na nossa atuação completamente atrelada aos Direitos Humanos", conta Camila Portela,  coordenadora de projetos e captação de recursos da organização. 

No primeiro edital de Nas Trilhas de Cairo, o Distrito Drag trabalhou a comunicação estratégica voltada para Direitos Humanos. O planejamento se refletiu no aumento de acessos no site, e alcance nas redes sociais. Para Camila, esse movimento posicionou estrategicamente a organização e ampliou as possibilidades de parcerias e pautas. 

Integrante do Distrito Drag. Foto: Distrito Drag
Integrante do coletivo Distrito Drag. Foto: Distrito Drag

Na segunda edição do edital, o Distrito Drag focou em promover processos internos de formação em Direitos Humanos, capacitação que também foi apoiada pela equipe do UNFPA. Camila ressalta que essas formações além de qualificar ainda mais os serviços e produtos do coletivo, expandiu as possibilidades de parcerias e financiamentos locais, nacionais e internacionais. 

"Hoje a gente percebe que foi importante pra gente pensar num braço dentro da estrutura organizacional que seja um voltado especificamente para Direitos Humanos e questões sociais. Foi a partir da qualificação que foi facilitada pelo UNFPA que a gente tá conseguindo galgar novos passos, e também mudar a nossa atuação para uma atuação mais efeitva.", avalia. 

O Distrito Drag também promoveu a oficina "Montar-se é um ato político", voltada para a montação de mulheres cis e trans. Com recursos do edital, o coletivo também ampliou a sua sede, adequando o novo espaço às necessidades fundamentais das artistas e também às necessidades institucionais. A nova sede por exemplo agora possui camarim, espaço de convivência, estúdio fotográfico e auditório. 

Também com o apoio do UNFPA, o Distrito Drag criou um selo editorial e tem apoiado nas publicações dos dossiês da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), e outros periódicos. Mais recentemente, o coletivo lançou a Pesquisa de Mapeamento de artistas transformistas no Distrito Federal e entorno. Para as lideranças da organização, esses feitos são amostras do grande fortalecimento institucional, e qualidade dos produtos construídos nos últimos anos. 

"Eu percebo uma mudança na nossa mentalidade enquanto defensoras e defensores de Direitos Humanos e também na estrutura organizacional. Eu verifico que houve um avanço na qualidade dos nossos processos. Hoje pensamos na nossa atuação completamente atrelada aos Direitos Humanos", celebra Camila. 

A artista Mary Gambiarra relata sobre o papel do Distrito Drag no seu processo de reconhecimento enquanto artista e ativista. Para ela, a conquista da autonomia  é um dos grandes feitos de sua trajetória como integrante da organização. 

"O Distrito Drag mostra pra mim enquanto artista que eu posso fazer a minha arte, eu posso militar, eu posso contribuir com a vida de outras pessoas. Eu posso arranjar formas de me sustentar, de ter onde morar, de ter o que comer a partir da minha arte. Além desse reconhecimento, o Distrito Drag me ensinou o que é o trabalho coletivo. A gente aprende que sim, as nossas trajetórias pessoais se entrelaçam com outras trajetórias e elas podem se complementar e não ser rivais ou competitivas entre si.", afirma.