Grupo do DF é um dos contemplados pelo edital Nas Trilhas de Cairo, que busca apoiar e fortalecer organizações da sociedade civil
Por Fabiane Guimarães
Ruth Venceremos, Abigail, Rojava, Raykka Rica, Nyx, Mozilla Firefox, Mary Gambiarra, Kelly Queen, Amenda Nudes e Afrodite Starlight são as drag queens que formam a equipe principal do Distrito Drag, uma organização do Distrito Federal criada para promover a arte de pessoas LGBTI e a defesa dos direitos humanos. Para além da maquiagem, da peruca e do sorriso, elas acreditam que são, principalmente, um veículo para falar sobre cultura, pertencimento e equidade. “A drag é uma potência de comunicação. Ela carrega uma mensagem sobre ativismo. Você percebe que, diante dela, as pessoas estão abertas a escutar”, conta a artista Ruth Venceremos, diretora e cofundadora da organização.
Criado em 2017, o Distrito Drag é uma das instituições contempladas pelo edital Nas Trilhas de Cairo, uma iniciativa inédita do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) para fortalecer e apoiar entidades da sociedade civil. O projeto inscrito pelo grupo buscava recursos para melhorar atividades de comunicação institucional e social. Para Ruth Venceremos, participar do edital não foi apenas uma conquista em termos de suporte para prosseguir com suas atividades, mas também de reconhecimento.
“Esse edital veio para potencializar e qualificar o nosso trabalho. Já somos referência no DF para a defesa dos direitos humanos e da cultura. Esse apoio nos ajuda a expandir. Se nosso país é campeão de assassinatos de pessoas LGBTI, figurar na sociedade para além das estatísticas de morte é fundamental. É uma forma de se aproximar da própria comunidade de uma forma positiva”, orgulha-se.
Entre as atividades do Distrito que já são conhecidas do público estão o CalenDrag, o calendário que visa dar espaço à arte transformista do Distrito Federal; o Bloco das Montadas, tradicional bloco de carnaval; o Fundo de Apoio a pessoas LGBTI, criado para oferecer suporte a pessoas LGBTI em vulnerabilidade, o mapeamento de artistas LGBTI de várias vertentes, entre várias outras ações que aliam cultura ao ativismo social e político.
Para Ruth Venceremos, o Distrito Drag representa a força do coletivo, capaz de vencer obstáculos por um mundo mais seguro e sem discriminação. “Nós não sentimos medo, porque não estamos isoladas”, explica. “Não podemos ter medo de trazer para a cidade os debates que são importantes. Se a gente deixar de frequentar os espaços, estaremos voltando para dentro dos nossos armários. Esse momento, apesar de tudo, é muito importante para que a gente se enxergue e compartilhe nossas vivências. Não estamos sozinhas”, conclui.