Brasília - Na semana em que foi celebrado o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantil (18 de maio), o Conselho Nacional do SESI, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e a Agência Brasileira de Cooperação organizaram, entre os dias 17 e 19 de maio, um encontro internacional em Brasília para trocar experiências relacionadas com a agenda da juventude da América Latina e do Caribe. O encontro teve como elemento central a experiência brasileira do projeto ViraVida, um projeto do SESI que visa combater a violência sexual por meio da educação e emprego para jovens em situação de vulnerabilidade social e econômica.
Representantes da Guatemala, Paraguai, El Salvador e México estiveram no encontro para conhecer e aprender mais sobre a iniciativa e seus resultados. O representante do UNFPA no Brasil, Jaime Nadal, participou da reunião de abertura e destacou que a desigualdade é entendida principalmente como falta de oportunidade: “o ViraVida é um projeto visionário pois trata de dar oportunidade a jovens meninas e meninos que sofreram exploração sexual e hoje podem desfrutar de um projeto que lhes dá oportunidade”.
Para Jaime Nadal, o Brasil tem procurado enfrentar os problemas de desigualdades e privações de direitos. “Projetos como o ViraVida são projetos fundamentais para reduzir a pobreza e dar oportunidade igualitárias a todas e todos”.
A coordenadora da Mobilização de Parcerias Institucionais/Trilateral com Organismos da Agência de Cooperação Brasileira, Cecília Malagutti do Prado, relembrou o memorando para compor as ações trilaterais sobre as experiências do projeto ViraVida assinado entre o governo brasileiro, Sesi e Fundo de População da ONU. “Este encontro é resultado do memorando assinado como parte da cooperação trilateral Sul-Sul. Foi desenvolvido um plano de trabalho para facilitar a divulgação do projeto ViraVida no âmbito da América do Sul. Desejamos que esta experiência seja útil para as suas ações em seus respectivos países”.
Gilberto Carvalho, presidente do Sesi, comentou a importância da reunião. “Acho muito significativo fazer esse encontro. O ViraVida nasce nesse contexto de se olhar para quem nunca teve voz. Uma juventude que faz parte de um dos setores que sofre as maiores mutilações, a ponto de trocar o seu corpo por um prato de comida”. E concluiu: “este programa tem méritos por produzir mudanças efetivas na vida destes jovens, que passam a se afirmar como seres humanos e cidadãos”.
A iniciativa do ViraVida já é replicada em outros países como El Salvador, que participou do encontro e apresentou os resultados do projeto “Cambia Tu Vida”. Segundo Mirian Elizabeth Pena de Montoya, coordenadora do Centro de Atenção Cambia Tu Vida, “estamos aprendendo na prática. Levamos 3 anos e hoje temos bons resultados. Para nós a alegria é ver o resultado de que é possível mudar. Basta acreditar e dar oportunidade a eles”.
O ViraVida iniciou as atividades em 2008 em algumas regiões do país e, em 2009, o projeto começou a funcionar na sede do Sesi em Taguatinga (DF). Os dados nacionais demonstram que, depois de participar do projeto, 85% dos jovens saem da situação de exploração sexual; 83% ingressam no mercado de trabalho e 90% voltam ao ensino básico. No DF, 575 jovens já participaram da iniciativa.