Go Back Go Back
Go Back Go Back
Go Back Go Back

ONU participa do Aty Kuña, grande assembleia das mulheres indígenas, em Mato Grosso do Sul

ONU participa do Aty Kuña, grande assembleia das mulheres indígenas, em Mato Grosso do Sul

News

ONU participa do Aty Kuña, grande assembleia das mulheres indígenas, em Mato Grosso do Sul

calendar_today 10 October 2017

Kuñangue Aty Guasu, grande assembleia das mulheres Kaiowá e Guarani, teve a presença de delegação da ONU Brasil. Foto: UNIC Rio/Natália da Luz
“A presença da ONU Brasil no Aty Kuña expressa o compromisso das Nações Unidas em aprofundar o trabalho com as mulheres indígenas e de elaborar um plano de emergência frente ao agravamento da situação relatada pelas lideranças indígenas”, disse Nadine.
 
A ONU Mulheres Brasil, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), o Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil (UNIC Rio) e o Departamento de Salvaguarda e Segurança da ONU (UNDSS) participaram do Kuñangue Aty Guasu, grande assembleia das mulheres Kaiowá e Guarani. O encontro aconteceu de 18 a 22 de setembro, no Tekohá Kurusu Amba, no município de Coronel Sapucaia, no estado de Mato Grosso do Sul – divisa entre o Brasil e o Paraguai.
 
A assembleia é o principal ato político do calendário de mobilização das mulheres Kaiowá e Guarani. Na sua quinta edição, o Kuñangue Aty Guasu reuniu cerca de 300 participantes.
 
A presença da ONU no Kuñangue Aty Guasu se deu no contexto de demandas e denúncias dos povos indígenas, enviadas, nos últimos dois anos, ao Gabinete do Coordenador Residente do Sistema ONU no Brasil, ao Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos e à ONU Mulheres.
 
Há cerca de um mês, em reunião na Casa da ONU, as guarani-kaiowá reiteram a importância da participação de delegação ONU Brasil no Kuñangue Aty Guasu para conhecer de perto a situação de violação de direitos humanos por que passam os povos indígenas em aldeias e áreas de retomada.
 
Na ocasião, as mulheres indígenas relataram problemas crônicos: fome, miséria, violência, feminicídio, homicídios, desaparecimento de corpos e perseguição. De acordo com as lideranças, as situações comprometem normativas internacionais, a exemplo da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, que completou dez anos, neste mês, e já tinham sido identificadas na última missão de relatoria especial da ONU sobre os direitos dos povos indígenas, em 2016.
 
“A presença da ONU Brasil no Aty Kuña expressa o compromisso das Nações Unidas em aprofundar o trabalho com as mulheres indígenas e de elaborar um plano de emergência frente ao agravamento da situação relatada pelas lideranças indígenas”, disse Nadine.
 
No encontro, as guarani-kaiowá entregaram para a ONU Brasil documento de reivindicação em que destacam: “Nós mulheres, Guarani e Kaiowá, estamos vendo nossas terras sendo devastadas enquanto o que resta para nós são as beiras de rodovias ou as reservas superlotadas para viver com nossas crianças. Por isso, pedimos a demarcação de nossos Tekohas (Terra tradicional sagrada), para vivermos em paz com nossas crianças, em nossas casas, ter o nosso pedacinho de roça, preservar a natureza e assim viver o nosso Teko (modo de ser)”.
 
A carta acrescenta: “Diante de todo este retrocesso que acontece com os direitos do nosso povo, das mulheres indígenas na atual conjuntura política brasileira, viemos através da V Kuñangue Aty Guasu (Assembleia das Mulheres Kaiowa e Guarani), exigir que os nossos direitos sejam respeitados e garantidos”.
 
Voz das Mulheres Indígenas
 
A parceria entre as mulheres indígenas e a ONU Mulheres Brasil começou com um projeto de enfrentamento ao tráfico de meninas e mulheres com as mulheres Guarani e Kaiowá.
 
Um dos resultados mais expressivos da parceria ocorreu, em 2015, por meio de consulta a um grupo mais amplo de mulheres indígenas para definir qual seria a demanda prioritária, para além do enfrentamento à violência.
 
A partir disso, a ONU Mulheres expandiu sua atuação com mulheres indígenas e passou a trabalhar com um grupo de multiplicadoras de 22 povos diferentes das cinco regiões do Brasil.
 
Desde 2015, a ONU Mulheres apoia o projeto Voz das Mulheres Indígenas, voltado ao empoderamento político e a elaboração de pauta comum para incidência política.
 
Realidade documentada
 
Durante o Kuñangue Aty Guasu, a ONU Brasil produziu documentário para visibilizar as realidades das mulheres indígenas. A produção é realizada pelo Grupo Temático de Gênero, Raça e Etnia da ONU Brasil, em parceira com o Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil (UNIC Rio) e apoio da Embaixada do Canadá.
 
O documentário registrará a história do empoderamento político e de ampliação dos espaços de articulação e participação das mulheres indígenas, destacando como elas estão construindo a sua incidência política no Brasil e no exterior.