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Ministério da Saúde organiza estratégia para reativar comitês de morte materna

Ministério da Saúde organiza estratégia para reativar comitês de morte materna

Notícias

Ministério da Saúde organiza estratégia para reativar comitês de morte materna

calendar_today 28 Mai 2013

Maioria dos comitês estão desativados, prejudicando a qualidade do monitoramento e investigação dos óbitos maternos

As investigações das mortes de mulheres relacionadas a problemas ocorridos durante o período gestacional devem ser acompanhadas por comitês de mortalidade materna nos municípios e estados brasileiros. As equipes, em sua maioria, devem ser formadas por profissionais do governo que atuam nas áreas de atenção básica, saúde da mulher e vigilância, mas também pela  sociedade civil (academia, movimentos sociais, entidades profissionais), que atua como parceiro estratégico na avaliação e análise crítica e detalhada dos determinantes e condicionantes dos óbitos, que vai alem da causa identificada pelo codigo de classificação de doenças. Entretanto, mesmo sendo fundamentais para a análise dos determinantes dos óbitos maternos, muitos comitês estão desativados, o que pode prejudicar a qualidade desse monitoramento e, mais ainda, a mobilização para que este cenário seja alterado.

No intuito de atualizar as informações sobre os comitês de mortalidade materna e estimular a reestruturação e/ou reativação, o Ministério da Saúde (MS) realizará em junho deste ano uma reunião “para pensar a estratégia nacional de reativação dos comitês, na intenção de unir o movimento social com o campo da gestão”, explicou Esther Vilela, médica ginecologista, Coordenadora da Área de Saúde da Mulher do órgão federal. “Eu tenho uma perspectiva boa da reativação e fortalecimento dos comitês (...) o nosso objetivo é a inserção do movimento de mulheres de forma ativa nos comitês. Sem eles os comitês não serão qualificados”, destacou a gestora.

Para Juan Cortez, Coordenador Geral de Informação e Análise Epidemiológica, da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), “o grande desafio é ampliar ainda mais a participação de todas as áreas da saúde para evitar os óbitos maternos”. A SVS é a responsável pela investigação das mortes (saiba mais na portaria 1.119/2008 ). “Atualmente todos os estados e municípios têm mais e melhor informação. Identificam-se mais óbitos maternos e o porquê acontecem. No entanto, as informações têm que ser utilizadas pelos gestores para que rapidamente possam alterar e modificar o determinante que levou a essa morte”, ressaltou.

Surgimento e objetivos

Em função do elevado de mortalidade materna no Brasil, o Governo adotou uma a série de medidas para melhorar a qualidade nos serviços de saúde de atenção à mulher. Em 2004, o MS criou a portaria nº 1.172, definindo a vigilância epidemiológica dos óbitos maternos como atribuição de municípios e estados. Quatro anos depois, a portaria nº 1.119 regulamentou a prática, estabelecendo prazos e fluxos da investigação.

De acordo com o “Guia de Vigilância Epidemiológica do Óbito Materno” , publicado em 2009 pela SVS, os “Comitês de Morte Materna são organismos interinstitucionais, de caráter eminentemente educativo, com atuação sigilosa, não coercitiva ou punitiva. Congregam instituições governamentais e da sociedade civil organizada, contando com participação multiprofissional; visam analisar todos os óbitos maternos e apontar medidas de intervenção para a sua redução na região de abrangência”.

Os comitês regionais, estaduais e municipais, assim como os comitês e/ou comissões hospitalares, surgem para contribuir na reflexão e análise crítica dos óbitos ocorridos em serviços de saúde; para o seu pleno funcionamento, se faz necessário o trabalho articulado.

O UNFPA, Fundo de População das Nações Unidas, por meio da Mobilização pela Promoção dos Direitos das Mulheres e Redução da Mortalidade Materna, entrou em contato com as áreas técnicas de saúde da mulher de estados e municípios do país e fez um levantamento prévio sobre a atual situação dos comitês de mortalidade materna, visando dar um panorama inicial sobre quantos e quais estão em funcionamento. Dos 27 municípios contatados, 18 informaram ter comitês ativos e os outros nove não deram dados detalhados (não responderam ou informaram que estão em fase de restruturação). Em alguns casos, mesmo com a existência da portaria para a criação do comitê, existem apenas grupos de trabalho. No caso dos 27 comitês estaduais, apenas 17 apresentaram informações atualizadas; os demais estão em situação semelhante aos municipais.

Para mais informações: Midiã Santana, Assistente de Midia - msantanta@unfpa.org