Possibilitar que as e os jovens sejam vistos como sujeitos prioritários e agentes estratégicos dos legados sociais pós-megaeventos esportivos é uma das principais recomendações do “Mapeamento de Ações, Programas, Projetos e Iniciativas para o Legado Social de Eventos Esportivos em Salvador”, estudo conduzido pelo UNFPA, Fundo de População das Nações Unidas e apresentado em março na capital baiana. Cerca de 60 pessoas de organizações e redes da sociedade civil, comunidade acadêmica, Governos do Estado da Bahia e da Prefeitura Municipal de Salvador, Sistema ONU e setor privado estiveram presentes na reunião de devolutiva da pesquisa, que poderá servir como instrumento para identificação de janelas de oportunidades.
A Representante Auxiliar do UNFPA, Fernanda Lopes, destacou a necessidade de garantir que os investimentos priorizem a população jovem e que os legados sejam construídos com e para eles e elas. “Não significa deixar de olhar para adultos, crianças e idosos, mas compreender a importância estratégica do investimento em jovens. É preciso compreender a dinâmica da população brasileira e aproveitar a onda de adolescentes e jovens que temos. Antes, tínhamos um contingente maior de crianças. Hoje, a fecundidade no Brasil está abaixo da taxa de reposição. A população está envelhecendo mais do que nascendo. Ou seja, se nós não investirmos agora, aproveitando o grande contingente de adolescentes e jovens e nos preparando para o futuro, perderemos uma grande oportunidade”.
Lopes destacou ainda que, na Bahia a pirâmide populacional é um pouco diferente: as taxas de fecundidade são mais altas que as nacionais e o volume de crianças, adolescentes e jovens é bem grande. Este é o momento certo para que o estado invista nesse seguimento populacional. “É necessário pensar nos megaeventos para além das obras de infraestrutura. A juventude é uma das chaves para o desenvolvimento com sustentabilidade, pois possui capacidade para transformar o destino socioeconômico de suas comunidades, particularmente nos países em franco desenvolvimento como é o caso do Brasil”.
A Representante Auxiliar ressaltou o trabalho do UNFPA em garantir que o mundo seja adequado às pessoas a partir da promoção e da proteção dos seus direitos, com criação de melhores oportunidades para todos e todas desenvolverem suas potencialidades, expressando-se livremente, com pontos de vista respeitados, podendo viver sem pobreza, discriminação e/ou violência. O mapeamento das iniciativas e dos principais temas abordados evidenciou a importância estratégica de seguir investindo no desenvolvimento de habilidades para a vida entre adolescentes, jovens e adultos, com especial atenção para o exercício seguro e voluntário da sexualidade, a tomada de decisões reprodutivas conscientes, a equidade racial e de gênero e o enfrentamento a possíveis situações de violência, discriminação e exploração sexual.
Os/as participantes destacaram a necessidade de realização de ações conjuntas e fortalecimento do trabalho em rede. Para Romilson da Silva Souza, do Instituto de Desenvolvimento Interdisciplinar, Pesquisa, Educação e Saúde (Idipes), o estudo colabora para a soma de esforços e garantia desses legados, em especial para a juventude negra baiana. “Podemos pensar em diversos legados sociais para jovens negros (as), para além de cultura e lazer. Podemos pensar em demandas como ciência e tecnologia”, ressaltou.
Confira entrevista da Representante Auxiliar do UNFPA, Fernanda Lopes, para o Correio Nagô:
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UNFPA - Fundo de População das Nações Unidas: Criando um mundo em que todas as gestações sejam desejadas, todos os partos sejam seguros e cada jovem alcance seu potencial.
Texto e fotos de Midiã Santana / UNFPA Brasil