Go Back Go Back
Go Back Go Back
Go Back Go Back

Fundo de População da ONU apoia 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena

Fundo de População da ONU apoia 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena

Notícias

Fundo de População da ONU apoia 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena

calendar_today 22 November 2022

6ª Conferência Nacional de Saúde Indigena. Foto: ©Ascom CNS/Paulo Pepe
6ª Conferência Nacional de Saúde Indigena. Foto: ©Ascom CNS/Paulo Pepe

Encontro com cerca de 2 mil participantes teve como resultado uma série de propostas que serão enviadas ao Ministério da Saúde

Entre os dias 14 e 18 de novembro, ocorreu a 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena (6ª CNSI), no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília (DF). O encontro foi organizado pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) e pela Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde (SESAI-MS). Pela ONU, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) apoiou o evento, juntamente com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a Organização Internacional para as Migrações (OIM), a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).  

A 6ª CNSI reuniu aproximadamente 2 mil participantes, em sua maioria indígenas e que representaram os 34 Distritos Sanitários Especiais de Saúde Indígena. Nesta etapa nacional, as pessoas que participaram do encontro puderam discutir propostas para a Política Nacional de Saúde Indígena (PNASPI). Como parte do processo de construção desse encontro, foram realizadas 302 conferências locais e 34 distritais, em 2018. A versão final da minuta com as propostas será enviada ao Ministério da Saúde para apreciação, englobando sete eixos principais, e que devem subsidiar a 17ª Conferência Nacional de Saúde.

A representante do Fundo de População da ONU no Brasil, Astrid Bant, destaca que “na saúde indígena, o UNFPA tem contribuído para a formação de profissionais de saúde para atenção ao pré-natal, parto e cuidados obstétricos, bem como planejamento reprodutivo e manejo clínico de casos de violência sexual. Nos escritórios em Roraima e no Amazonas, por exemplo, as equipes têm atuado com populações indígenas na assistência humanitária e na cooperação para o desenvolvimento, realizado treinamentos com profissionais de saúde e da rede de proteção locais, incluindo oferta de insumos de saúde, além de compartilhar informações e realizar educação em saúde e direitos, com sensibilidade cultural. Além disso, ações inovadoras incluem a facilitação do diálogo entre povos indígenas e serviços de saúde por meio das “facilitadoras culturais”, que têm integrado as ações, além do apoio ao estabelecimento de salas de telemedicina e elaboração de painel de dados em saúde para a Amazônia Legal.”

Astrid Bant acrescenta, ainda, que “na 6ª CNSI, ações como essas foram compartilhadas com participantes de delegações indígenas, gestores(as) e profissionais. Também materiais sobre saúde reprodutiva e direitos em línguas indígenas puderam ser acessados. Gostaria de destacar, ainda, a participação, pela equipe do UNFPA, de colegas do Norte com experiência nesse trabalho cotidiano com povos indígenas, sendo uma delas representante indígena Warao”. 

Para o UNFPA, avançar na garantia da saúde e dos direitos de povos indígenas deve ser uma prioridade nas políticas e programas nacionais, devendo ser considerados os contextos e necessidades dessas populações, bem como contempladas as diversas situações em que se encontrem – aldeamento, contexto urbano, fluxos migratórios, abrigos, isolados ou de contato recente. É necessário também enfatizar a saúde de qualidade para mulheres e meninas e a oferta de atenção com sensibilidade cultural, de modo a fortalecer o cuidado e informações capazes de dialogar com as diversidades locais. Isso inclui a promoção da saúde sexual e reprodutiva, a saúde materna e neonatal e a prevenção e o manejo de casos de violência de gênero, por exemplo.  

Um importante indicador do acesso à saúde reprodutiva é a razão de mortalidade materna  - relação entre o número de óbitos maternos e a quantidade de nascidos vivos em um período. Estudos apontam para a ocorrência de uma elevada razão de mortalidade materna entre mulheres indígenas, se comparadas às não indígenas. Estima-se que a razão de mortalidade materna indígena seja em torno de 135 óbitos por 100 mil nascidos vivos, segundo dados do Ministério da Saúde. 

Durante a 6ª CNSI, aspectos como o fortalecimento do controle social e garantia de orçamento para a Agenda da Saúde Indígena foram amplamente ressaltados. No que tange à saúde das mulheres, também foram lembrados os desafios para a garantia da saúde integral e intercultural das mulheres e meninas indígenas e a necessidade de fortalecimento da saúde materna e neonatal, englobando o aumento do número de consultas de pré-natal para gestantes indígenas, o acesso a exames clínicos e laboratoriais, bem como aspectos nutricionais, entre outras questões relacionadas a contextos de vulnerabilidade e inequidades sociais vivenciadas por diversos povos.