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Formação para inserção de DIU chega a Manaus: “Quanto mais opções seguras, melhor para as mulheres”

Formação para inserção de DIU chega a Manaus: “Quanto mais opções seguras, melhor para as mulheres”

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Formação para inserção de DIU chega a Manaus: “Quanto mais opções seguras, melhor para as mulheres”

calendar_today 08 December 2022

Médica ginecologista Giani Cezimbra conduz treinamento de inserção de DIU
75 mulheres tiveram o DIU inserido através da capacitação conduzida pela médica ginecologista Giani Cezimbra . Foto: ©UNFPA Brasil/Isabela Martel

Fundo de População das Nações Unidas realiza capacitação para profissionais da saúde pela 1ª vez na cidade. Iniciativa é fruto de parceria com a Secretaria Municipal de Saúde

Por Isabela Martel

MANAUS, Amazonas - Na sala de espera da clínica da família Desembargador Fabio do Couto Valle, zona leste de Manaus, um grupo de mulheres aguarda. A dona de casa Isete Viana, de 41 anos, é uma delas. As mulheres estão no local para inserir o dispositivo intrauterino (DIU) de cobre. Em outra sala da mesma unidade, há outro grupo. São médicas e médicos, que assistem atentamente à formação de inserção de DIU promovida pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (Semsa) e a Escola de Saúde Pública de Manaus (ESAP). Em instantes, médicos e pacientes se encontrarão.

“Estou um pouquinho nervosa, mas está tudo certo”, relata Isete. Falante, ela distrai as outras mulheres na sala. Isete é natural de Benjamin Constant, a cerca de 1.120km de Manaus, mas mora na capital há alguns anos: “no interior, é bem mais difícil de colocar”, conta. Ela optou pelo DIU por ser um método não hormonal de prevenção da gravidez, pois já tem dois filhos crescidos.

O médico Joaquim Alfredo Loureiro, na sala ao lado, fez o caminho inverso ao de Isete. Saiu de Manaus e hoje atua em áreas rurais no Amazonas. “Atendo indígenas, nas tribos, e também comunidades ribeirinhas, nos postos de saúde de cada comunidade”. O acesso aos locais é feito apenas de barco. Nos territórios em que atua, não havia a possibilidade de inserção de DIU. “As pacientes eram encaminhadas para a maternidade mais próxima”. Mas, agora, com a sua participação na capacitação do UNFPA, o cenário será outro: “Quanto mais opções seguras, melhor para as mulheres”, diz ele.

Em sua primeira edição em Manaus, a formação para inserção de DIU de cobre alcançou nove médicos. O grupo foi composto por profissionais de saúde rural, como o médico Joaquim, e residentes da Escola de Saúde Pública (ESAP) do município. Durante a parte prática do curso, foram feitos 95 atendimentos e 75 inserções em mulheres como Isete. Um treinamento similar já havia sido realizado em Roraima, e seus efeitos por lá já são percebidos.

Isete Viana em frente à Clínica da Família Desembargador Fabio do Couto Valle, zona leste de Manaus. Foto: ©UNFPA Brasil/Isabela Martel

O DIU de cobre é um método contraceptivo não hormonal de longo prazo e, atualmente, está disponível em nove unidades de referência de Manaus. Um dos objetivos da formação é ampliar o número de unidades e profissionais que ofertam o serviço, para que cada vez mais mulheres tenham acesso. “Embora o DIU seja um método altamente eficaz, de longa duração, reversível, não-hormonal e disponibilizado gratuitamente no SUS, ele ainda é relativamente pouco utilizado no Brasil. Ampliar o acesso voluntário das mulheres ao DIU, inclusive nas áreas mais remotas, é um passo importante para o exercício de seus direitos”, pontua Anna Cunha, Oficial de Programa para Saúde Reprodutiva e Direitos do UNFPA. 

Na avaliação da chefe da Divisão de Atenção à Saúde da Mulher da Semsa, Lúcia Freitas: “É um ganho para as mulheres, que terão acesso a um procedimento que é especializado mas que está sendo oferecido pela atenção básica. Em Manaus, nós temos os insumos e precisávamos da qualificação, que conseguimos fazer em parceria com o UNFPA.”

Formar profissionais para a inserção de DIU está entre as atividades do UNFPA para alcançar a estratégia global de zero necessidades de contracepção não atendidas até 2030. Isete, que teve o dispositivo inserido, ficou feliz em saber que, também graças ao seu atendimento, cada vez mais profissionais da saúde estarão aptos a inserir o DIU: “Eu acho muito bom, porque dá um apoio muito grande para as mulheres”.