Você está aqui

Formação capacitou 27 profissionais da saúde de Boa Vista, Pacaraima e Manaus, com apoio do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM) dos Estados Unidos

Por Isabela Martel

BOA VISTA, Roraima - A enfermeira Paula do Nascimento, 29 anos, tem uma novidade entre as suas habilidades profissionais. Graças a uma formação do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), ela agora pode inserir o dispositivo intrauterino (DIU) de cobre nas mulheres que procuram atendimento na UBS do Suapi, em Pacaraima, onde ela atua. Natural do Pará, Paula veste o seu jaleco branco para trabalhar no município da fronteira entre Brasil e Venezuela desde 2017. Foi em Pacaraima que ela fez parte da formação do UNFPA chamada de “Ciclo Formativo em Planejamento Reprodutivo”.



Paula do Nascimento é enfermeira em Pacaraima (RR) 
e recebeu a capacitação do UNFPA. Foto ©UNFPA/Isabela Martel

Um dos objetivos do Ciclo Formativo em Planejamento Reprodutivo é ampliar o número de profissionais da medicina e enfermagem de Pacaraima e Boa Vista aptos a inserir o dispositivo intrauterino (DIU) de cobre nas mulheres que procuram a rede pública de saúde. Dessa forma, elas podem acessar um método contraceptivo de longo prazo que antes não era oferecido com tanta frequência. “A demanda está alta. Já tem uma fila de espera com quase 20 mulheres na área da nossa UBS”, relata Paula.

Além disso, a formação capacita os profissionais a realizarem a retirada do implante subdérmico, – método anticoncepcional ainda não incorporado pelo SUS em Roraima e no Amazonas, mas ofertado na Venezuela e que precisa ser renovado ou removido a cada três anos.

A formação, que ocorreu entre os dias 30 de junho e 07 de julho, teve etapas teóricas e práticas supervisionadas. Em Boa Vista, 16 profissionais da rede municipal e do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth concluíram o curso. Em Pacaraima, foram mais cinco pessoas. Já em Manaus, seis profissionais foram formados para retirada de implantes. Ademais, três enfermeiras e uma obstetriz do UNFPA, que apoiam a rede pública com ações de saúde sexual e reprodutiva voltadas a refugiadas e migrantes, também podem fazer as inserções e retiradas de agora em diante. Durante as sessões práticas, 190 mulheres tiveram o DIU inserido, enquanto 18 retiraram implantes subdérmicos.

“A profissional sai ganhando, porque é um conhecimento que a gente leva para a vida toda. Antes a gente não podia ofertar, tanto pela capacitação, quanto pelo material”, explica Paula.

Entregas de materiais

Além da formação, o UNFPA realizou entregas de materiais para apoiar as cidades. Três modelos anatômicos para simulação da inserção de DIU foram disponibilizados em Boa Vista. Em Pacaraima, foram quatro kits esterilizáveis para inserção de DIU, 50 kits descartáveis, e uma pinça hartmann para remoção do dispositivo. O objetivo é que, com esses materiais, a formação seja multiplicada para outros profissionais da rede local. Segundo a representante do UNFPA no Brasil, Astrid Bant, “A entrega de DIU tem por objetivo fortalecer, em parceria com o município, o acesso aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, e a diversificação da oferta de métodos contraceptivos, incluindo a população refugiada e migrante de origem venezuelana”. 

Para Dayane Nascimento, coordenadora da atenção básica à saúde de Pacaraima, a iniciativa “amplia o acesso das mulheres ao DIU e ameniza a dificuldade já conhecida dos serviços públicos em incorporar de forma efetiva a assistência anticoncepcional''.

O Ciclo Formativo faz parte das atividades realizadas pelo UNFPA para o alcance da estratégia global de zero necessidades de contracepção não atendidas até 2030, com o apoio do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM) dos Estados Unidos.