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O debate abordou as formas de discriminação e os enfrentamentos que as juventudes se deparam para permanência nos estudos e o acesso ao mercado de trabalho

Um encontro emocionante com muitos intercâmbios de conhecimentos e empatia marcou a tarde de quinta-feira (30/07). O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) reafirmou a criação de um espaço de escuta, trocas e apoio para adolescentes e população jovem com o webinário “Projetos de vida: trabalho, estudos e independência durante a pandemia”.  

A ação confirma a atuação do UNFPA também desde a perspectiva de garantia de direitos das juventudes, principalmente em temas como gravidez não-intencional na adolescência, uniões precoces, educação em sexualidade, e liderança e participação de jovens. O compromisso do UNFPA incide ainda mais sobre essa população no momento de instabilidade e perda de direitos fundamentais durante a pandemia da Covid-19. 

A atividade online trouxe um panorama das juventudes brasileira com seus desafios e impactos sofridos pela pandemia da Covid-19, como o desemprego, a exclusão dissidente que coloca o mérito e o privilégio como regra-meritocracia, o acesso à educação e qualificação profissional. O encontro entre especialistas e adolescentes incentivou o autoconhecimento, e pontuou as diferentes realidades vividas por adolescentes levando em consideração as dimensões de classe social, raça e gênero.   

Servindo como suporte para esses obstáculos, as convidadas e convidados compartilharam suas histórias de vida, e suas experiências profissionais com perspectivas que pudessem auxiliar a construção de planos de vida de adolescentes e jovens.  

“Sou mulher negra e tenho uma trajetória atravessada pelas dificuldades, principalmente, pela minha raça e pela desestruturação familiar. A minha busca pelo primeiro estágio foi para sobrevivência, porque aos 14 anos eu já precisava trabalhar para ter uma casa para morar”, falou Luana Souza, repórter e apresentadora da TV Bahia, afiliada Rede Globo, e pesquisadora das relações raciais no mestrado em Cultura e Sociedade - UFBA. A jornalista Luana Souza também destacou em sua fala a importância de políticas afirmativas para construção da sua trajetória, e uma delas foi a interiorização das universidades públicas.

O movimento de interiorização da educação também marcou a vida e carreira de Renann Ferreira. “Eu sempre tive um sonho de me graduar e ter uma formação acadêmica completa, e se não fosse a vinda da UNILA para Foz do Iguaçu isso não seria possível. Eu tive muitas portas fechadas para acessar a universidade, mas a vinda da universidade com essa interiorização da educação foi essencial”, disse Renann, que atualmente é advogado, atuante da Guarda Mirim em Foz do Iguaçu e membro da Comissão da Criança e Adolescente da OAB. 

Oportunidades que para João Lima vieram com o  Programa Universidade para Todos (PROUNI) e do Programa de Estágio Afirmativo do UNFPA. Atualmente, João é estudante de Relações Internacionais e Assistente de Operações e Recursos Humanos do UNFPA Brasil. “O estágio é um instrumento necessário para inserção de jovens no mercado de trabalho, mas é necessário compreender que o estágio também é um processo de formação e educativo. A minha experiência no UNFPA demonstra a importância de políticas afirmativas implementadas, pois existem muita potência nas juventudes negras, juventudes LGBTQI+, e juventude portadora de necessidades especiais, essas juventudes não podem ser desperdiçadas”, afirmou João Lima.   

Empatia, experiências e desafios das juventudes 

Os relatos das convidadas e convidados do webinário fez o público que acompanhava online se reconhecer nas histórias compartilhadas. “​História da Luana lembra muitas, inclusive a minha”, comentou Cristiane Ribeiro; “​Eu fico extremamente grato e emocionado em ver tanta gente engajada para construção de um mundo melhor e valorização da nossa juventude como indivíduos empoderados de suas histórias”, enviou Lucas Roberto Abreu; “Me emociono com esses jovens sonhadores e batalhadores, não tenho dúvidas que alcançarão sucesso”, interagiu Daiane Oliveira. 

A troca de conhecimento e a empatia do encontro também ficou refletido na fala de Camilly Cristina S. Gomes, estudante secundarista e estagiária. Camilly trouxe em uma fala embargada pela emoção. “Eu fiquei muito emocionada ouvindo a história dos participantes, porque são histórias de superação e muitos conhecidos meus estão passando pelos mesmos problemas. Tenho uma amiga trans que saiu da escola por conta do preconceito, e tenho amigos que não conseguem estágio por conta de uma tatuagem. Gostaria que todos entendessem as decisões do corpo desses jovens com amor e respeito”, indicou Camilly.   

Respeito e amor também compuseram a fala de Worldfa Cheriza. “Eu sou haitiano, e me mudar para o Brasil não foi muito fácil, tanto de documentação que precisava como da adaptação com língua. Eu tive a oportunidade de ter pessoas que me ajudaram com o idioma, e também de participei do projeto Vira Vida que sou muito grato. Por isso, nós jovens queremos ser vistos, e ter oportunidades que abram as portas para que a gente possa lutar e ter paciência para irmos atrás dos nossos sonhos”, analisou. Worldfa além de estudar Ciências Contábeis mantém o canal Francês Sem Fronteiras no Youtube, onde ele dá dicas e lições introdutórias ao idioma que colonizou o Haiti e que hoje se mescla ao crioulo haitiano.   

A roda de conversa online teve a mediação de Karin Bruckheimer, psicóloga e coordenadora do Programa ViraVida - SESI/PR, e você pode ter acesso a transmissão no canal do UNFPA Brasil no Youtube.

 

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O Fundo de População das Nações Unidas no Brasil lançou o podcast "Fala, UNFPA" que aborda temas como saúde sexual e reprodutiva, equidade de gênero, raça e etnia, população e desenvolvimento, juventude, cooperação entre países do hemisfério sul e assistência humanitária. Tudo isso, claro, a partir de uma perspectiva de direitos humanos. Saiba mais clicando aqui.