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Com participação de autoridades em educação e saúde, universidades, instituições de ensino e representantes governamentais, UNFPA promove fórum de debates e exibições cinematográficas gratuitas, lança pesquisa e coordena rodas de conversa com estudantes do Distrito Federal. Objetivo é apontar caminhos e soluções que assegurem respeito às mulheres e à menstruação, desde infância até menopausa

BRASÍLIA, Distrito Federal - Mais de 4 milhões de estudantes brasileiras não têm acesso a itens menstruais básicos nas escolas. Deste universo, para quase 200 mil meninas são negadas condições fundamentais à garantia de dignidade menstrual no ambiente escolar. Realidades como estas e caminhos para assegurar respeito às mulheres e meninas serão tratados durante Fórum e Mostra de Cinema promovidos pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), nos dias 8, 9 e 10 de novembro, em Brasília (DF).

Mostra de cinema

A Mostra de Cinema: Luz, Câmera, MenstruAÇÃO busca estimular o debate a respeito da Dignidade Menstrual, trazendo a um público amplo filmes ficcionais e documentais que abarcam as múltiplas abordagens, entendimentos e práticas a respeito da menstruação e os direitos das pessoas que menstruam. As exibições ocorrem no Cine Brasília, na terça (8) e quarta-feira (9). Confira aqui a programação completa.

Estudantes do ensino médio da rede pública do DF e de instituições como o Instituto Federal de Brasília (IFB) participarão de sessões da Mostra e também de rodas de conversa sobre a realidade do tema. Serão exibidos documentários e obras nacionais e estrangeiras — “Absent” (“Escassez”), “A period drama” (“Um drama menstrual”), “Bleed with me” (“Sangre comigo”), “Moon blood” (“Sangue da lua”), “My time” (“Minha vez”), “Spotless” (“Imaculada”) e “La eterna noche de las doze lunas” (“A eterna noite das doze luas”) — além de curta-metragem produzido ao UNFPA pela cineasta brasileira Viviane Ferreira.

As exibições serão gratuitas e também abertas ao público nos dois dias de evento.

Na quinta-feira (3) ainda é realizada uma projeção no Museu Nacional de Brasília, com mensagens buscando aumentar a conscientização sobre a temática da Dignidade Menstrual.

Fórum de Discussões sobre Dignidade Menstrual

Paralelamente à Mostra de Cinema, acontece o Fórum de Discussão com cinco eixos temáticos - “Aprofundamento situacional e ascensão do tema da Dignidade menstrual na agenda pública”; “Iniciativas da gestão pública na promoção da Dignidade Menstrual”; “Insumos menstruais e as diferentes alternativas para a provisão da Dignidade Menstrual e o meio ambiente”; “Menstruação e espaço escolar” e “A menopausa no âmbito da dignidade menstrual: poder, sexualidade e autocuidados” - que será realizado na quarta (9) e quinta-feira (10), no hotel Grand Mercure, com a participação de especialistas e autoridades governamentais em educação e saúde pública.

Durante o encontro, o UNFPA divulgará pesquisa inédita sobre o tema, que contribuirá para o apontamento de recomendações que garantam direitos às mulheres especialmente em relação ao manejo adequado do período menstrual. O Fórum estará aberto à imprensa na quinta-feira, às 10h45. Confira aqui a programação completa do Fórum

A realidade da menstruação

Conforme observa a representante do UNFPA no Brasil, Astrid Bant, a temática da dignidade menstrual abrange uma série de fatores, a exemplo da chamada “pobreza menstrual”. O termo consiste no entendimento de uma condição multidimensional, caracterizada não só pela deficiência de acesso a recursos e infraestrutura como também pela falta de conhecimento por parte de mulheres e meninas sobre os cuidados envolvendo a própria menstruação. Inclui, ainda, questões como a menopausa e as diversas visões culturais a respeito da menstruação.

“Desde a puberdade até a menopausa, a menstruação é uma questão central na vida das mulheres e está fortemente ligada ao seu desenvolvimento como pessoa bem como à forma como se dá a sua inserção na sociedade”, pontua Astrid Bant, ao destacar que a maneira como a menstruação é experienciada está relacionada a aspectos como dignidade, autonomia corporal, autoestima e empoderamento a partir do conhecimento do próprio corpo e da mente.

“É um fato biológico que pode ser encarado pela ótica da fertilidade e da vida, mas também da 'sujeira', ou até do 'impuro'”, ressalta. Ela lembra que em diferentes culturas e territórios a menstruação ainda é tratada como tabu. “Encoberta por silêncio e vergonha, pode até ser usada como justificativa para atos de violência e segregação. E a ausência ou dificuldade de acesso a políticas públicas voltadas à dignidade menstrual é mais um dificultador”, acrescenta a representante do UNFPA.

Impactos na saúde

A pobreza menstrual não afeta apenas países mais carentes ou com maior desigualdade social que o Brasil. “Impacta também, fortemente, a vida de meninas e mulheres brasileiras; especialmente, aquelas que vivem em condições de pobreza e grande situação de vulnerabilidade, tanto nas grandes cidades como em áreas rurais, por vezes sem acesso a serviços de saneamento básico, recursos para higiene e conhecimento mínimo do corpo”, explica Astrid Bant.

Conforme observa a representante do UNFPA, além das questões socioeconômicas, outros fatores relacionados à pobreza menstrual podem agravar ainda mais as situações de privação ou violação da dignidade menstrual: ausência de condições sanitárias básicas — a exemplo da falta de acesso a produtos adequados e para a higiene das mãos e do corpo, como água e sabão, como também de banheiros seguros e em bom estado de conservação —; dificuldades para acessar serviços médicos e medicamentos para administrar dores e outros problemas menstruais; desigualdade racial, crises humanitárias e falta de autoconhecimento sobre o corpo e os ciclos menstruais, além de tabus e preconceitos que ainda hoje existem em diferentes sociedades.

No Brasil, o relatório UNFPA-UNICEF/2021 indica que a chance de uma menina negra morar em um domicílio que não tem nenhum banheiro é três vezes maior que a de uma menina branca. O percentual de meninas da Região Norte sem acesso a banheiro nas escolas chega a quase 8,4%. A chance relativa de uma menina da área rural não ter banheiro em casa é 15 vezes maior que a de uma menina da área urbana.

Mais de 700 mil meninas brasileiras não têm acesso a um banho ou banho em casa. E mais de 4 milhões de estudantes não contam com equipamentos menstruais básicos nas escolas. “Essas dificuldades de acesso aos serviços, o que também resulta na pobreza menstrual, são fatores-chave para o estigma e a discriminação, potencialmente levando as meninas a abandonar seus estudos completamente”, enfatiza Astrid Bant.

Quando observada por meio das lentes dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a menstruação apresenta-se, portanto, como uma questão extremamente relevante. “Dado o impacto significativo em saúde, saneamento, educação e oportunidades de emprego em nível individual, mas também no meio ambiente e na economia”, acrescenta a representante do UNFPA.

Impactos no meio ambiente

Do ponto de vista ambiental, a menstruação sustentável também é uma temática urgente. Cada item sanitário leva entre 500 e 800 anos para se decompor, para citar um exemplo da problemática.

Embora produtos sustentáveis estejam cada vez mais disponíveis no mercado — como copos menstruais, aplicadores de tampões biodegradáveis, guardanapos sanitários reutilizáveis e roupas íntimas absorventes — a maioria das mulheres continua usando equipamentos à base de plástico. No Brasil, quase 90% das cerca de 70 milhões de mulheres que menstruam ainda usam itens sanitários descartáveis: isso significa aproximadamente 6 bilhões de produtos anualmente descartados, o que equivalente a 48 milhões de quilos de resíduos.

UNFPA BRASIL — Desde 1973, o Fundo de População das Nações Unidas atua no país colaborando com o governo e as diversas organizações da sociedade civil — incluindo a academia e os movimentos sociais — na formulação e no monitoramento de políticas e programas sobre população e desenvolvimento. A colaboração do UNFPA Brasil se dá, especialmente, por meio de cooperação na área de saúde reprodutiva. O Fundo ainda atua em segmentos como Juventude, Igualdade de Gênero, População, Cooperação Sul-Sul, Emergências e Medicamentos/Insumos.    

SERVIÇO:

“Mostra de Cinema: luz, câmera, menstruAção”

Confira aqui a programação completa da Mostra.

·         Local: Cine Brasília — SHCS EQS 106/107, Asa Sul

·         Período:

— Abertura: terça-feira (8), às 18h00

— Sessões gratuitas:

- Terça-feira (8) para estudantes, às 14h

- Quarta-feira (9), às 9h, 14h e 19h

“Fórum de Discussão sobre Dignidade Menstrual”

Confira aqui a programação completa do Fórum

·         Local: Hotel Grand Mercure — Setor Hoteleiro Norte, Quadra 5, Bloco G

·         Coletiva de imprensa: quinta-feira (10), às 10h45

·         Alguns especialistas e representantes governamentais participantes/convidados:

Lucilene Maria Florêncio de Queiroz, secretária de Saúde do DF; Bartolomeu Rodrigues, secretário de Cultura e Economia Criativa do DF; Vandercy Camargos, secretária de Mulheres do DF; Luciana Miyoko Massukado, reitora do Instituto Federal de Brasília (IFB); Nésio Fernandes, presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass); Wilames Freire Bezerra, presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems); e representantes indígenas Tentehar Kuzá e Siana Guajajara (cofundadora do “@accessibilindigena”).

Mais informações e contatos para entrevista:

o   Pedro Sibahi/UNFPA: (11) 99409-1380

o   Renatha Melo/eLeve-se Comunicação e Ações Positivas: (61) 98164-5437