Oficina abordou direitos sexuais e reprodutivos para aprimorar a vigilância em infecções sexualmente transmissíveis (IST) e o atendimento à saúde sexual e reprodutiva da população indígena.
Brasília, Distrito Federal - O Fundo de População da ONU (UNFPA Brasil) tem um compromisso com a saúde indígena. Com o objetivo de ampliar o acesso à saúde sexual e reprodutiva dos povos originários, o UNFPA, em parceria com a Secretaria de Saúde Indígena (SESAI), realizou a 1ª Oficina de Vigilância e Promoção dos Direitos Sexuais e Reprodutivos na Saúde Indígena.
O evento, realizado entre 15 e 17 de outubro, contou ainda com o apoio do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) e reuniu representantes dos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs).
Ao longo de três dias, os participantes compartilharam experiências, discutiram a promoção dos direitos sexuais e reprodutivos e participaram de uma qualificação em dados para a vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e para a vigilância da saúde das mulheres e saúde materna, utilizando o Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI) e outros sistemas.
“A realização deste encontro é fruto de um esforço conjunto, que envolve uma logística complexa para receber profissionais dos 34 DSEIs. Foi uma oportunidade histórica, com conteúdos de altíssima qualidade”, explica Júnia Quiroga, representante auxiliar do UNFPA Brasil. “Ao retornarem aos territórios, os participantes colocarão em prática o aprendizado, multiplicando ações e fortalecendo redes locais.”
Saúde sexual e reprodutiva: prioridade para as populações indígenas
A promoção dos direitos sexuais e reprodutivos das populações indígenas, que inclui planejamento familiar, prevenção de IST e oferta de métodos contraceptivos adequados às tradições culturais, deve ser prioridade na agenda pública da saúde.
“A saúde sempre foi um gargalo dentro dos nossos territórios. E a parceria que nós temos com o UNFPA é essencial para a qualificação dessas e desses profissionais de saúde, incluindo a área de vigilância de IST”, destaca Putira Sacuena, biomédica e diretora do Departamento de Atenção Primária à Saúde Indígena (DAPSI) da SESAI.
A oficina foi uma das diversas ações realizadas pelo UNFPA Brasil para o avanço dos direitos sexuais e reprodutivos entre toda população, especialmente os povos indígenas.
Práticas convencionais e sabedorias ancestrais: um rumo intercultural
Os desafios continuam demandando empenho no acesso à saúde, diante das barreiras geográficas, e na formação contínua dos profissionais de saúde para a garantia de um atendimento digno e culturalmente apropriado às mais de 300 etnias indígenas existentes no país.
“Este encontro fortalece a rede de profissionais e gera uma integração positiva que poderá impactar diretamente nos territórios”, afirma Anna Cunha, oficial de programa para Saúde Sexual e Reprodutiva e Direitos no UNFPA Brasil. “Nosso compromisso é continuar enfrentando as iniquidades em saúde que afetam as populações indígenas. E faremos isso a partir de diretrizes nacionais e soluções locais, que respeitem a interculturalidade e as dinâmicas sociais das comunidades.”
Como próximos passos, o UNFPA continuará atuando em parceria com a SESAI e o UNAIDS para consolidar avanços no registro de dados de vigilância de IST, vigilância da saúde das mulheres, saúde materna, violência sexual e promoção da saúde sexual e reprodutiva, de modo geral. O foco permanece no desenvolvimento de ações que ofertem uma atenção à saúde de qualidade e que valorize as tecnologias de saúde desenvolvidas nos territórios, em diálogo com as práticas convencionais de saúde e medicina, para uma abordagem acessível e culturalmente respeitosa.