Declaração da Diretora Executiva do UNFPA, Dra. Natalia Kanem, no Dia Mundial da Saúde 2023, ressalta importância de se investir em saúde sexual e reprodutiva
A cada dois minutos, uma mulher morre ao dar à luz. Enquanto o relógio conta mais um ano, mais 287.000 mulheres encontrarão o mesmo destino trágico.
A maioria dessas mortes podem ser prevenidas. Elas não são inevitáveis. Elas acontecem porque os sistemas de saúde rotineiramente falham com mulheres e meninas.
As mulheres morrem ao dar à luz porque, para muitas, os serviços de saúde não estão disponíveis, são inacessíveis, muito caros, ou oferecem atendimento de baixa qualidade.
As mulheres que procuram contracepção enfrentam barreiras semelhantes. Estima-se que 257 milhões de mulheres que desejam evitar a gravidez não estão usando métodos seguros e modernos para fazê-lo.
Este ano, o Dia Mundial da Saúde é um momento para aderir ao chamado global de “saúde para todas as pessoas”.
Durante décadas, os sistemas de saúde em todo o mundo fizeram progressos na melhoria do alcance e da qualidade dos cuidados de saúde sexual e reprodutiva. O UNFPA tem apoiado esse esforço. Os contraceptivos adquiridos pelo UNFPA em 2021 ajudaram a prevenir, sozinhos, 39.000 mortes maternas – contribuindo para um declínio longo e constante no número global de mulheres que morrem no parto.
Hoje, de forma alarmante, vemos que o progresso global estagnou. Em alguns lugares, as taxas de mortalidade materna estão até aumentando.
Um motivo para esse declínio pode ser porque, particularmente em meio à pandemia de COVID-19, foram tomadas decisões para reduzir a prioridade e cortar fundos para serviços essenciais de saúde sexual e reprodutiva que salvam vidas.
A discriminação de gênero geralmente impulsiona tais decisões, tratando a saúde e o bem-estar de mulheres e meninas como menos importantes do que outros objetivos.
Como parte da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, países de todo o mundo se comprometeram a alcançar cobertura universal de saúde e acesso universal à saúde sexual e reprodutiva.
Mesmo assim, na maioria dos países, os pacotes de benefícios de cobertura universal de saúde excluem muitas intervenções essenciais de saúde sexual e reprodutiva, incluindo medidas relacionadas a cânceres reprodutivos e prevenção e resposta à violência baseada em gênero.
Em todo o mundo, o UNFPA está apoiando os sistemas de saúde para fornecer serviços de saúde sexual e reprodutiva de qualidade que alcancem todas as pessoas e acomodem diversos grupos populacionais, incluindo pessoas com deficiência.
Investir em saúde sexual e reprodutiva é um investimento essencial no desenvolvimento sustentável e na criação de um mundo onde todas as mulheres, meninas e jovens possam atingir todo o seu potencial.
Esses investimentos não apenas salvam e melhoram vidas, mas também geram ganhos econômicos: de acordo com os cálculos do UNFPA, investir um único dólar para acabar com as mortes maternas evitáveis e a necessidade não atendida de planejamento familiar até 2030 pode gerar benefícios econômicos de até US$ 8,40 até 2050.
Neste Dia Mundial da Saúde, vamos defender o direito de todas as pessoas de alcançarem o mais alto padrão de saúde possível. Vamos unir forças para ampliar o acesso à saúde sexual e reprodutiva, com direitos e escolhas como caminho para um futuro mais equitativo, próspero e sustentável.
Por Dra. Natalia Kanem