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Salvador – Começou ontem a Semana do Adolescente 2014 da capital baiana. Com o tema ¨Juventude Mostre sua Cara¨, o evento tem a proposta de sensibilizar as e os adolescentes da cidade quanto à importância dos serviços de saúde, com o apoio de atividades educativas e lúdicas, além de promover a integração dos profissionais de saúde e de educação como forma de contribuir para a promoção do desenvolvimento integral dessa população. A semana do Adolescente, que ocorre anualmente desde 2003, acontece até a próxima sexta-feira (19).

O evento é organizado pela Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS), por meio da Área Técnica de Saúde do Adolescente e Jovem (ATSAJ), em parceria com as Secretaria Municipais de Educação (SMED), de Promoção Social e Combate a Pobreza (SEMPS), de Reparação (SEMUR), a Secretaria Estadual de Saúde (SESAB), as organizações da sociedade civil Projeto Axé e Associação das Comunidades Paroquiais de Mata Escura e Calabetão (ACOPAMEC), Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e o Fundo de População das Nações Unidas, o UNFPA.

A mesa de abertura da Semana do Adolescente 2014 contou com a participação de Ana Paula Freire, diretora de atenção à saúde da SMS; Jussara Rosa, subcoordenadora de Educação Integral e Diversidade da SMED; Cláudio Abdala, subsecretário da SEMUR; Dinsjani Pereira, coordenadora de Proteção Social da SEMPS; e Ruth Pucheta, oficial de programa do UNFPA.

Durante a mesa de abertura, a subcoordenadora de Educação Integral e Diversidade da SMED ressaltou: ¨sabemos que, com tanta situação de vulnerabilidade que as e os adolescentes vivenciam, cuidar da saúde e da mente é deixado para depois. Nós da saúde e da educação temos a obrigação de alertá-los e convidá-los para uma reflexão. Temos que fazer uma sensibilização desses adolescentes para o cuidar”.

O subsecretário da SEMUR abordou a violência e o racismo que os jovens enfrentam: ¨Se a saúde está relacionada com o bem estar psicológico, como estão nossos jovens que vivem diariamente o racismo? Se a saúde está relacionada com o bem estar social, como estão nossos jovens que enfrentam o genocídio? Precisamos nos unir e ter forças para modificar essa realidade¨.

Ruth Pucheta concluiu: “Investir em adolescentes é a chave para o desenvolvimento. Eles e elas estão mais conectados e em sintonia com o mundo do que qualquer outra geração anterior, enxergam os desafios de maneira inovadora e respondem com entusiasmo e imaginação. Temos plena convicção de que, com os investimentos corretos, as e os adolescentes podem alcançar plenamente seu potencial e transformar o destino social e econômico de suas comunidades”.

Atividades para adultos e adolescentes

A Semana do Adolescente 2014 apresenta uma agenda com atividades para profissionais de saúde e de educação e também para adolescentes.

Na programação da tarde desta terça-feira (16), cerca de 140 profissionais de saúde e educação puderam repensar suas práticas profissionais e institucionais e avaliar atuações no acolhimento às e aos adolescentes, sensibilização e promoção da saúde dessa população. Duas rodas de conversa reuniram representantes do governo, sociedade civil e lideranças adolescentes para o debate sobre a importância dessa responsabilidade profissional e institucionalpara assegurar que os serviços estejam preparados para responder adequadamente às suas necessidades e demandas. Racismo, violência e drogas ganharam destaque como desafios enfrentados por adolescentes da cidade e que precisam de atenção estratégica com vistas à promoção da saúde integral e de qualidade para todas e todos, com equidade de gênero, raça e etnia.

 

A analista de Programa para Saúde Reprodutiva e Direitos do UNFPA, Anna Cunha, mediadora de um dos momentos do debate, apontou a ¨importância da ação intrasetorial e intersetorial com comunicação efetiva e ações coordenadas e harmonizadas para que se possa fornecer serviços públicos de qualidade como forma de garantir os direitos de adolescentes¨.

Para o promotor Carlos Matheo, do Ministério Público do Estado da Bahia, esse trabalho institucional em rede é um mecanismo fundamental para “transformar a realidade concebida pelo Direito em uma realidade de fato vivenciada por todos e todas as adolescentes”. 

O adolescente Michael Motta, 17 anos, garantiu sua intervenção: ¨O maior problema que eu vejo é a educação. A gente tem o direito, mas a gente não sabe que tem, pois isso não é ensinado na escola. A gente tem um problema, mas não sabe a quem recorrer. É como se o jovem da periferia fosse educado a ser inimigo do setor público. A gente é ensinado a não gostar da política, a não participar”. 

Anna Cunha completou: “É preciso garantir a participação efetiva, cidadã, e com escuta qualificada a adolescentes e jovens. E que eles e elas possam participar não só de espaços de debate, mas também de espaços de decisão, atuando e dialogando na formulação, implementação, monitoramento e avaliação das políticas públicas”.

 

Também nesta terça-feira, o grupo ¨Adolescer com Arte¨ fez uma apresentação sobre a importância da participação e valorização das e dos adolescentes.

A programação continua nos dias 18 e 19/09, quando cerca de 240 estudantes participarão de oficinas sobre violência, gravidez na adolescência, uso de álcool e outras drogas, e direitos sexuais e direitos reprodutivos – que contará com apoio e facilitação do UNFPA.

* Por Gabriela Borelli/ UNFPA Brasil