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O Centro de Informação sobre População, Desenvolvimento e Direitos, do UNFPA Brasil, em Salvador (BA), sedia desde o início do mês de outubro o Projeto “Yalodês – Ampliando os direitos das Negras Jovens em situação de vulnerabilidade através da comunicação”, do Odara - Instituto da Mulher Negra. A iniciativa é implementada pelo Programa de Comunicação da organização, em parceria com a Associação das Comunidades Paroquiais de Mata Escura e Calabetão (Acopamec), o Lar Pérolas de Cristo, e o Fundo de População das Nações Unidas, e com o financiamento do Fundo de Equidade Racial Baobá.

Esta é a segunda edição do projeto, que termina em dezembro, e beneficia 15 jovens negras em situação de vulnerabilidade social. O foco do projeto é promover o acesso às informações, subsidiar a apropriação das novas linguagens e tecnologias de comunicação, bem como estimular esses recursos. Ao comunicar e difundir os conceitos de comunicação para promoção dos direitos humanos, as jovens poderão melhorar e ampliar suas estratégias de defesa dos direitos nas comunidades e organizações em que atuam, assim como compartilhar processos de educação entre pares, formando novas multiplicadoras.


Para Márcia Nascimento, facilitadora do primeiro módulo do curso sobre raça, gênero, sexualidade e identidade , a “iniciativa surge como uma chance para essas jovens mudarem os ritmos e trajetórias de suas vidas”. “Percebo em grande parte delas uma carência de oportunidades. E vejo que já há uma transformação nesses primeiros dias de atividade. Estar aqui, para muitas, é uma ‘fuga’ da realidade. Elas estão gostando, participando, falando sobre os seus sonhos e pretensões futuras”.

De acordo com Valdecir Nascimento, coordenadora executiva do Instituto Odara, “o histórico de participação das mulheres e jovens negras na luta em defesa dos seus direitos, contra o racismo, sexismo e lesbofobia tem provocado avanços na agenda de políticas públicas no país, porém, ainda não é o suficiente para confrontar com a realidade de violência vivenciada por estes grupos”. A coordenadora afirma que, quando as desigualdades estão interseccionadas com a pobreza, a invisibilidade, a falta de acesso à informação e as tecnologias, preconceitos e discriminações, os problemas ainda se tornam maiores. “Com o Yalodês pretendemos criar a possibilidade de acesso, manuseio e apropriação de novas tecnologias para jovens negras, visando o seu empoderamento econômico, social e político, no sentido de romper com o quadro de iniquidade a que estão submetidas”, completou.

Construir um mundo onde cada jovem alcance o seu pleno potencial é uma das metas do Fundo de População. Proporcionar que um projeto como o Yalodês seja desenvolvido no Centro de Informação, espaço idealizado e mantido gerido para disseminação de informação sobre temas de População, Desenvolvimento e promoção dos Direitos Humanos por meio de ações educativas e de e realização de projetos de inclusão sócio-digital, contribui para que avancemos no cumprimento de nossa missão institucional. “O projeto Yalodês foi desenhado seguindo os mesmos princípios que temos no UNFPA, de garantir oportunidades para que jovens desenvolvam habilidades e, assim, sejam capazes de tomar decisões seguras e autônomas em relação aos seus projetos de vida. Temos ainda a responsabilidade de garantir que isto alcance os e as mais vulneráveis, em especial as meninas negras. É uma oportunidade única trabalhar lado a lado com parceiros em ações estratégicas como esta, e em um espaço dinâmico e atraente, pensado com muito cuidado para a população baiana, como é o Centro de Informação no Pelourinho”, ressaltou Ruth Pucheta, Oficial de Programa do Fundo de População.

Texto Midiã Santana | Fotos: Midiã Santana e Ruth Pucheta/UNFPA Brasil