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Depois de passar por Boa Vista (Roraima) e conhecer o trabalho realizado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) no atendimento a pessoas venezuelanas e refugiadas que chegam ao país, o embaixador britânico no Brasil, Vijay Rangarajan, seguiu para Pacaraima, cidade localizada na fronteira com Venezuela. Na agenda em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e acompanhado pelo representante do UNFPA no Brasil, Jaime Nadal, Rangarajan visitou a base da Operação Acolhida - operação coordenada pelas Forças Armadas e responsável por ordenar o fluxo de pessoas -, o Posto de Triagem e o BV-8, alojamento temporário na fronteira. 

A comitiva também foi recebida pelo diretor-geral do Hospital Estadual Délio Tupinambá, Alshelldson de Jesus, que falou um pouco sobre o atendimento das pessoas venezuelanas no sistema, e em seguida visitou o Posto Avançado de Saúde da Operação Acolhida - no local, o UNFPA oferece apoio técnico nas questões referentes à saúde sexual e reprodutiva. 


Em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e acompanhado pelo representante do UNFPA no Brasil, Jaime Nadal, Rangarajan visitou a base da Operação Acolhida (Foto: UNFPA Brasil/Samara Cordeiro)

A operação tem três fases: Ordenamento de Fronteira, Acolhimento e Interiorização. Em Pacaraima, o comandante do Ordenamento de Fronteira, Coronel Antônio Vamilton, explicou ao embaixador como são feitos os procedimentos de recepção e identificação das pessoas que cruzam a fronteira, com apoio de órgãos do governo federal. Um dos trabalhos destacados foi o da DPU (Defensoria Pública da União), que oferece orientação jurídica disponível. 

Em contextos humanitários, o Fundo de População das Nações Unidas é responsável por garantir ações em saúde sexual e reprodutiva, bem como prevenir e oferecer respostas para a violência sexual e a violência de gênero, e está presente em Roraima desde 2017. Em Pacaraima, no Posto de Triagem, o UNFPA mantém o Espaço Amigável, uma área segura com salas reservadas onde mulheres, mulheres grávidas, lactantes, pessoas vivendo com HIV, pessoas idosas ou com deficiência, pessoas LGBTI, entre outras com necessidades específicas, são acolhidas. 

Rangarajan acompanhou de perto o trabalho do UNFPA e demais agências do Sistema ONU. Por meio de uma escuta sensível, ouvindo as necessidades de cada um, o Fundo de População das Nações Unidas define uma estratégia que passa por referenciar casos para a rede pública de saúde local, caso haja necessidade; garantir a oferta de insumos em saúde sexual e reprodutiva, como camisinhas masculinas e femininas; e por oferecer apoio psicossocial e individualizado. No Espaço Amigável, Jaime Nadal e o embaixador ouviram uma famosa canção venezuelana cantada por um menino cujo pai foi atendido pelo UNFPA, Ottoniel Ortiz, de 11 anos.

Canarinhos da Amazônia


Comitiva e o grupo Canarinhos da Amazônia (Foto: UNFPA Brasil/Samara Cordeiro)

Mais tarde, o grupo também teve a oportunidade de assistir à apresentação do coral Canarinhos da Amazônia, formado apenas por crianças venezuelanas migrantes e refugiadas. A iniciativa é da Associação Cultural Canarinhos da Amazônia, uma organização sem fins lucrativos que promove ações solidárias na região. O coral é coordenado pela maestrina Miriam Blos.

“É importante destacar projetos como esse, porque promovem os vínculos com a comunidade local e fortalecem a resiliência comunitária para que as pessoas consigam seguir em frente. Esse projeto também oferece um espaço seguro para as mães das crianças”, destacou Jaime Nadal. 

“Trabalho conjunto é a única solução para esta crise. Orgulho em ver a sociedade civil e organizações internacionais somando esforços. Assim vamos atingir excelentes resultados”, refletiu Rangarajan. 

Telecom sem Fronteiras

Outro projeto que foi apresentado ao embaixador foi o recém-lançado Telecom Sem Fronteiras, realizado pelo UNFPA em parceria com o ACNUR e com recursos da União Europeia (UE). Em um local cedido pela Pastoral do Migrante, coordenada pelo Padre Jesus de Bobadilla, pessoas venezuelanas podem fazer ligações telefônicas gratuitas. “Desta forma não ficam desamparadas, podem criar vínculos ou mesmo localizar parentes no Brasil”, observou Nadal.