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Evento reuniu jovens lideranças do Brasil, Angola e Cabo Verde para a troca de experiências e boas práticas políticas com foco em saúde sexual e reprodutiva, e dignidade menstrual

Por Maria Auxiliadora

SALVADOR, Bahia - Entre os dias 8 e 11 de maio de 2023, a cidade de Salvador foi sede da 2ª Edição do workshop para intercâmbio de boas práticas “Daqui Pra Li, De Lá Pra Cá: Conexões e Trocas entre Juventudes Angola - Brasil - Cabo Verde”, realizado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) no Brasil. O evento teve como objetivo o aprimoramento da capacidade técnica de atuação de organizações e redes de juventudes dos três países (leia aqui relatos das participantes), em temas de saúde sexual e reprodutiva, acesso à informação e tomada de decisão política. Estiveram reunidos jovens lideranças das três nações, equipes do UNFPA Brasil, Angola e Cabo Verde, e representantes de governos.

A agenda do evento incluiu sessões de formação cidadã, discussões sobre espaços e estratégias de participação e intervenção comunitária, assim como o trabalho com mulheres e meninas, contando inclusive com a presença o Secretário Nacional de Juventude do Brasil, Ronald Sorriso. Também esteve presente a Secretária Municipal de Politica para Mulheres, Infancia e Juventude de Salvador, Fernanda Lordello. O encontrou se deu na capital baiana e contou também com atividades de campo, ao exemplo da visita ao projeto de intervenção comunitária da Rede de Protagonistas em Ação de Itapagipe (Reprotai), a visita ao Centro Cultural Casa de Angola na Bahia, e a participação no Encontro Intercontinental de Juventudes e Saberes, promovido pela Coordenação de Políticas para Juventude do Estado da Bahia (COJUVE). 

Kikas Machado e Ronald Sorriso
Diretor Nacional da Juventude de Angola, Kikas Machado, e o Secretário Nacional de Juventude do Brasil, Ronald Sorriso. Foto: ©UNFPA/Pedro Sibahi

Dos resultados alcançados na atividade, foram apresentadas boas práticas de ações políticas de acesso à garantia de direitos, à informação sobre saúde sexual e reprodutiva, bem como propostas de empoderamento de mulheres e meninas com foco na dignidade menstrual. Um Plano de trabalho para continuidade das atividades foi compartilhado pelas delegações, que também estreitaram laços e fortaleceram vínculos por meio  das dinâmicas e atividades artísticas realizadas.  

Para a representante do UNFPA, Florbela Fernandes, “a troca de experiências é fundamental, principalmente para as organizações de juventude. Após mais de dois anos de pandemia, este é o primeiro encontro promovido pelo UNFPA entre jovens do Brasil e de países irmãos, Angola e Cabo Verde. Temos a certeza que as trocas promovidas por este encontro irão auxiliar os grupos a aprofundar sua atuação em pautas como o enfrentamento das desigualdades e do racismo e a garantia de acesso a direitos”.

Ronald Sorriso, Secretário Nacional de Juventude, ressaltou a herança cultural e laços históricos que o Brasil possui com os países lusófonos da África. “Quando possibilitamos esses encontros, proporcionamos encontros de identidades e causas comuns, que se fortalecem na medida em que se é possível espelhar realizações e observar possibilidades alcançadas. É um espaço rico e de grande confluência”, concluiu.

Para o Diretor Nacional da Juventude de Angola, Kikas Machado “o fenômeno da juventude é transversal, precisa de intervenção de várias disciplinas”. Ele destacou a importância da articulação com colegas de outros setores, e de uma possível segunda visita ao Brasil. “Viemos sobretudo, com uma grande abertura para trocar aprendizados e conhecer as experiências de como o Brasil consegue, por meio de políticas ativas, dar respostas às demandas da juventude”, acrescentou o. Segundo Kikas, a próxima visita presencial terá caráter institucional, visando tratar com outros setores sobre ações complementares para as causas da juventude. 


Representante do UNFPA fala aos jovens durante workshop. Foto: ©UNFPA/Pedro Sibahi

O envolvimento do governo e a possibilidade de diálogo dos jovens com as autoridades governamentais, bem como as trocas de experiências com as visitas externas e a dinâmicas apresentadas, foram fatores que segundo o Representante do UNFPA Angola, Luís Sacumbi, fez com que a delegação angolana pudesse retornar ainda mais fortalecida e disposta a pôr em prática as estratégias desenvolvidas. “O Brasil é peculiar e as raízes culturais nos unem. O calor humano dos baianos também foi muito importante, pois não houve constrangimento nenhum por parte da delegação angolana em expor as suas dúvidas e adquirir aprendizado”, conclui ele.  

Ana Cristina Pires Ferreira, oficial de programa para Educação no UNFPA Cabo Verde, concluiu a sua participação e de sua delegação com firme convicção de que o Workshop Daqui Pra Li, De Lá Pra Cá é um instrumento de cooperação sul-sul com grande potencial e que deve ter continuidade. “Fiquei impressionada com a diversidade das abordagens dos jovens e para os jovens, em matéria de saúde e educação para a sexualidade em Angola, da Educação Cidadã Abrangente e focada nas questões identitárias e culturais no Brasil”, disse ela.