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Jovens lideranças de Angola, Brasil e Cabo verde relatam experiência adquirida em workshop para troca de saberes

Por Maria Auxiliadora

SALVADOR, Bahia - Para Carlos Santos, jovem liderança da Rede de Protagonistas em Ação de Itapagipe (Reprotai) em Salvador, a palavra que definiu o Workshop Daqui Pra Li, De Lá Pra Cá é reconexão. Carlos tratou o encontro, realizado pelo UNFPA entre 8 e 11 de maio, como uma oportunidade para se aproximar de países que sempre teve vontade de conhecer. “Não consigo olhar para eles sem pensar que eu já vi essas pessoas em algum lugar, sabemos que esse lugar é a ancestralidade. Foi de extrema importância ter a oportunidade de se fortalecer de forma mútua em conjunto, fazendo essa reconexão”, conclui ele.

Conhecer pessoas que também trabalham na promoção da saúde sexual e reprodutiva, ter acesso a projetos que já estão em execução, trocar experiências e perceber estratégias de ação em comum, foram pontos importantes na experiência das integrantes da delegação caboverdiana Érica Sofia Mendes e Elisabeth Xavier de Jesus, jovem liderança da ONG VerdeFam em Cabo Verde. 


Jovens visitam projeto da Reprotai. Foto: ©UNFPA/Maria Auxiliadora 

Nos dias de workshop, o envolvimento dos jovens nas estratégias de tomada de decisão foi um fator positivo observado por Olga Lourenço, do Centro de Apoio a Jovens (CAJ), uma organização não governamental de Angola. “Espero que um dia eu possa ver em meu país, jovens na linha de frente, a tomar decisões junto com meus governantes”, enfatizou.

Segundo Arthur Lopes, do Instituto Raízes em Movimento, do Rio de Janeiro, um dos destaques foi a exposição das metodologias dos projetos. De acordo com Arthur, foi importante presenciar as trocas com base nas metodologias aplicadas nos projetos de cada país. “Poder estar tanto tempo com pessoas de outros países e culturas diferentes, foi uma experiência bastante positiva e proveitosa”, concluiu.

Para Natali Alves Rocha, liderança da organização Themis, do Rio Grande do Sul, a mais nova entre os representantes, além das ricas trocas de experiências, o workshop trouxe um desafio pessoal, pois foi a sua primeira viagem de avião. “Foi mais que especial para mim. Estou saindo com muita bagagem de conhecimento e oportunidades”, afirmou ela. “Estar em Salvador, onde a cultura negra é bem difundida, bem como a valorização da mulher, foi muito significativo para mim enquanto mulher e negra do Sul”, acrescentou.

O jovem da delegação angolana Aarão Duartes destacou a grande relevância das ações e estratégias apresentadas com foco no direito dos jovens negros. “Fiquei comovido em saber que a cada 23 minutos morre um jovem negro no Brasil. Mas também percebi que as organizações tentam mitigar essa situação para que os jovens negros tenham acesso a direitos nesse país”, relata. 

Para Hwimma Rodrigues, da Rede Africana de Adolescentes e Jovens em População e Desenvolvimento - Afriyan, também de Angola, o encontro foi marcado pela cooperação e trabalho conjunto. “Eu pude aprender muito e colher ideias que eu posso manter na minha comunidade. O que as organizações apresentaram eu também quero replicar em Angola”, diz ela.  

Natália Sabat, da Politize, organização que trata de educação política, diz que foi muito importante conhecer outros países e saber como eles fazem a formação política, tratam da participação cidadã e educação sexual e reprodutiva. “Estou muito esperançosa que seja possível continuar essa conexão para os próximos anos”, afirma.     


Jovens de Angola, Brasil e Cabo Verde visitam Casa de Angola em Salvador. Foto: ©UNFPA/Maria Auxiliadora

“Quem participou do evento está na ponta, está fazendo as coisas acontecerem realmente”, afirmou Wesla Monteiro, do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve). Wesla diz ainda que esse tipo de evento serve para quebrar estereótipos, compartilhar resultados, mas sobretudo aprender com quem já realizou e teve bons resultados. 

Muitas dos e das jovens participantes afirmaram estar honradas e honrados em ter a oportunidade de representar suas organizações, pela possibilidade de compartilhar e aprender sobre as realidades de outros países, e esperançosos para um novo encontro. “O encontro também me permitiu resgatar o meu propósito como ativista e ser humano", disse Matheus Oliveira, da Cooperação da Juventude Amazônida para o Desenvolvimento Sustentável (Cojovem), sobre a sua experiência como membro da delegação brasileira.