Nos anos anteriores à epidemia de covid-19, o Brasil vinha alcançando reduções em sua razão de mortalidade materna, contudo, mesmo naquele contexto, o país já necessitava intensificar esforços e investimentos para alcançar as metas de compromissos nacionais e internacionais com as quais havia se comprometido. A redução da mortalidade materna tem sido, de fato, um complexo desafio, que se insere em uma agenda de garantia de direitos e de acesso a serviços de saúde de qualidade e com equidade. A pandemia de covid-19 agravou este cenário, tendo a razão de mortalidade materna no país retrocedido a níveis de duas décadas atrás. E os dados indicam que os óbitos atingiram de forma desigual mulheres negras, indígenas, que vivem em zonas rurais e nas regiões norte e nordeste do país.
Fruto de uma parceria entre o Observatório Obstétrico Brasileiro (OOBr) e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA Brasil), esta publicação busca compreender os desafios e os impactos da epidemia na mortalidade de gestantes e puérperas no país, por meio de dados públicos e análises, incluindo informações desagregadas quanto a territórios e perfis sociodemográficos e a identificação de situações de maior vulnerabilidade, bem como trazendo discussões sobre fragilidades dos sistemas, questões de prevenção, vacinação e vigilância em saúde, entre outras. O estudo também traz lições aprendidas e recomendações para contextos de crise em saúde, epidemias e desafios relacionados.