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Você não está sozinha

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Você não está sozinha

calendar_today 03 July 2020

A parceria terá início com campanha digital nas redes sociais (Divulgação)

A violência contra a mulher está presente em toda a sociedade e ainda gera muitas dúvidas

Você certamente já deve ter ouvido a seguinte frase: “Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”. Mas não é bem assim, principalmente neste período de isolamento social, em que o convívio gera mais tensões entre as pessoas. E, durante a pandemia, muitos casos de violência contra a mulher podem surgir e os que já existem se tornam mais frequentes ou evidentes. Diante desse cenário, o Sesc e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), que já atuam em parceria no campo da Educação em Saúde, uniram esforços para informar a população sobre as questões de violência contra a mulher com a campanha “Você não está sozinha”. 

A campanha foi desenvolvida para apoiar as mulheres, reforçar a importância de falar sobre a violência doméstica e o direito das mulheres a uma vida com segurança, liberdade e paz, e informar como elas podem se prevenir. Segundo a UNFPA, as iniciativas em parceria com o Sesc são realizadas para promover o desenvolvimento da Saúde Pública, o acesso da população às ações e serviços de saúde, e assim desenvolver iniciativas para avançar e fortalecer as ações ligadas à Saúde Reprodutiva e dos Direitos Humanos, especialmente de meninas, mulheres e jovens.

A campanha "Você não está sozinha" sobre violência contra a mulher é uma realização do Sesc em parceria com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) motivada pelo aumento do número de casos no país em função do isolamento social.

Dessa forma, em briga de marido e mulher, você pode meter a colher sim. Na maioria das vezes, esse comportamento de evitar interferir em um relacionamento violento pode facilitar a ação de um agressor ou agressora. Quando a violência existe em uma relação, ninguém deve se calar. E a violência contra a mulher não parte apenas do marido, mas pode vir dos pais, irmãos, filhos, chefes, tios – e até de outras mulheres.

De acordo com a UNFPA, muitas pessoas têm a percepção de que esse tipo de violência é algo distante da sua realidade, fora de seu ciclo de convívio. Por isso, é importante ficar atento a qualquer sinal.

Segundo a ONU Mulheres, nos últimos meses, o número de casos de violência aumentou em vários países. O aumento também aconteceu em diferentes estados do Brasil. De acordo com dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), houve um aumento médio de 14,1% no número de denúncias feitas ao Ligue 180 nos primeiros quatro meses de 2020 em relação ao ano passado.

Para que haja uma diminuição dos números de casos de violência, é importante não reproduzir alguns pensamentos de que o companheiro da vítima “sabe o que está fazendo”, ou que a vítima “apanha porque gosta ou provoca”, ou ainda de que “não é um problema meu”. Ao agir dessa forma, a violência é legitimada em um contexto cultural machista e patriarcal.

A dificuldade da denúncia

Alguns fatores fazem com que a vítima não se dê conta da situação ou tenha dificuldade de relatar o que está acontecendo. Entre eles:

  • O envolvimento emocional com o agressor, já que a maior parte deles são pessoas do convívio das vítimas, o que dificulta a denúncia e gera medo, por vezes implicando em perda de subsistência e do que se conhece como lar. 

  • As vítimas que estão em relacionamentos abusivos têm dificuldade de reconhecer que aquela postura é agressiva, em especial quando não há violência física, tendo em conta que socialmente as mulheres sempre estiveram sob o domínio de homens. 

  • A falta de credibilidade dada às mulheres ao trazerem à tona a violência. Muitas vezes, elas não são vistas como vítimas, mas como responsáveis por provocarem aquela atitude do agressor. E, neste momento de isolamento social, às vezes torna-se mais difícil denunciar por não estar sozinha ou por ter medo de sair e não saber onde poderá ir. 

Presente em toda sociedade

A violência atinge mulheres independentemente de classe social, renda, etnia, cultura, idade, grau de escolaridade, orientação sexual ou religião. Todos os dias, somos impactados por notícias de mulheres que sofreram violência ou foram assassinadas por seus companheiros ou ex-parceiros.

Entretanto, a violência não atinge todas da mesma maneira. O crescimento da taxa de homicídio (2007-2017) segundo raça/cor demonstra que as mulheres negras são as maiores vítimas. Segundo o Atlas da Violência 2019, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), nesse período, houve um crescimento de violência contra elas de 29,9%, em comparação com o número de 4,5% de mulheres não negras impactadas. 

Mulheres lésbicas e bissexuais sofrem diversos tipos de violência em função de sua orientação sexual, desde agressões físicas, verbais e psicológicas até os chamados “estupros corretivos” (que pretendem modificar a orientação sexual delas). E as mulheres transexuais também são alvo constante de preconceitos e agressões múltiplas, devido a diversas formas de discriminação.

Em caso de violência contra a mulher, denuncie. Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher).

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