A cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado no Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde, das 60 mil pessoas assassinadas por ano no país, 67,9% têm entre 15 e 19 anos e, destes, 71,5% são negros e negras. Entre a população jovem negra assassinada, 93,4% são do sexo masculino. Esses foram alguns dos dados apresentados pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) durante o Seminário Internacional Jovens entre Guerra e Paz, realizado nesta segunda-feira, 30, na Universidade Católica de Brasília.
Segundo Anna Cunha, Oficial de Programa do UNFPA responsável pela área de juventude, as principais vítimas de mortes violentas no Brasil são homens jovens negros e de baixa escolaridade são as principais vítimas de mortes violentas. Embora preocupantes, as mortes são apenas parte do problema. "Os homicídios são a ponta do iceberg de uma série de violações de direitos da juventude. É necessário fortalecer trajetórias e investir em juventude, incluindo uma vida sem discriminação e violência, sem racismo, com o devido acesso à justiça, à educação de qualidade, à saúde, ao emprego digno", afirmou.
O seminário foi promovido pelo programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Cultura da Universaidade Católica de Brasília e reuniu profissionais de pesquisa e de intervenção que atuam em periferias de Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, de Paris e de outras cidades francesas. O objetivo foi o compartilhamento de resultados de estudos e de experiências na construção de Redes Protetivas para adolescentes e jovens que vivem as consequências da violência. O seminário foi destinado a profissionais e pesquisadores que atuam com adolescentes e jovens de periferias de diferentes inserções institucionais e segmentos das politicas públicas: saúde, assistência, educação, socioeducação, justiça e promotoria da infância e juventude, direitos humanos.