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Tamo Juntas, instituição criada em Salvador, oferece assessoria jurídica, psicológica e assistência social a mulheres vítimas de violência. Organização foi uma das contempladas pelo edital Nas Trilhas de Cairo

Por Fabiane Guimarães

 

Com o celular em mãos, as voluntárias da organização feminista Tamo Juntas, de Salvador, recebem pedidos de ajuda. Do outro lado, mulheres que sofreram e estão sofrendo violência, sem ter a quem pedir socorro, esperam por orientações. Em muitos casos, as vítimas não têm condições ou segurança para fazer o atendimento remoto, então são as representantes da Tamo Juntas que vão pessoalmente até as delegacias, tribunais ou fóruns buscar por justiça. Após precisar se reinventar durante a pandemia, a instituição baiana, criada em 2016, foi uma das contempladas pela primeira edição do edital Nas Trilhas de Cairo, uma iniciativa do Fundo de População da ONU de fortalecimento institucional voltado para organizações da sociedade civil. O trabalho, infelizmente, é constante. 

A Tamo Juntas nasceu com o objetivo de fornecer assistência jurídica gratuita a vítimas de violência baseada em gênero, em uma rede totalmente formada também por mulheres. Hoje, além de advogadas, a organização já conta também com uma equipe voluntária de psicólogas, assistentes sociais, dentistas, entre outras profissionais. Com uma estimativa de ter atendido mais de mil mulheres apenas em Salvador, a organização também tem núcleos em 16 estados do Brasil.

“Nós damos orientação a todas as mulheres que nos procuram, fazemos uma escuta sensível e presencial, se for o caso, para aquelas em situação de vulnerabilidade. Temos feito acompanhamentos em delegacias, fazemos solicitações e acompanhamos medidas protetivas, encaminhamos para redes de proteção e outros equipamentos, também damos assistência em casos de divórcios e guardas litigiosas, além de oferecer o apoio psicológico e de assistência social”, detalha a copresidente da organização, Letícia Ferreira.

Durante a pandemia, a Tamo Juntas viu a demanda de trabalho crescer, refletindo o aumento de violência de gênero. “Começamos a fazer plantão nas redes sociais e implementamos um canal no Whatsapp, porque são mais acessíveis”, conta Letícia. O apoio fornecido pelo Fundo de População da ONU, segundo ela, foi imprescindível em um momento tão delicado. “Foi algo que permitiu reativar os núcleos estaduais, mesmo a distância, mantendo as voluntárias. Foi muito importante para nos manter ativas e possibilitar nosso crescimento e a melhora da nossa comunicação nas redes sociais”, relata. 

Como o próprio nome da organização já diz, o grupo de 30 voluntárias é inteiramente baseado no princípio do encontro. “Mais que fortalecer as outras mulheres, nós nos fortalecemos entre nós. Nós também passamos por situações de violência e compartilhamos o que é ser mulher nessa sociedade patriarcal e racista”, afirma Letícia. “A união de mulheres é, por si só, uma forma de enfrentar a violência”, conclui.