A ação foi realizada em parceria com a Prefeitura de Boa Vista e com a Agência de Assistência ao Desenvolvimento dos Estados Unidos (USAID)
Por Isabela Martel
Um grupo de mulheres e crianças sentadas em roda. Todas elas têm coisas em comum. Gênero, cor da pele – são, em sua maioria, negras – maternidade. O que também as une são as condições de extrema vulnerabilidade social e econômica que enfrentam. “A minha irmã vive um relacionamento violento, mas depende tanto do companheiro, que vai ficando”, conta *Renata, apontando para a irmã que, tímida, a acompanha na atividade.
O grupo de 21 mulheres se reuniu na tarde de sexta-feira (29/07), no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Pintolândia, bairro da periferia de Boa Vista. Além disso, outras 14 mulheres estiveram em outro ponto da cidade, no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) Centenário. Os encontros visavam a disponibilização de Kits Dignidade pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). Mas não apenas isso. As mulheres fizeram parte de uma roda de conversa sobre o enfrentamento à violência baseada no gênero, recebendo informações sobre a Lei Maria da Penha e compartilhando experiências. A atividade ocorreu em parceria do UNFPA com a Secretaria Municipal de Gestão Social de Boa Vista.
O que é o kit dignidade?
Cada kit dignidade consiste em uma bolsa contendo itens de higiene básicos, como sabonete, shampoo, absorventes e álcool em gel. As bolsas são montadas e distribuídas pelo UNFPA com o apoio da Agência de Assistência ao Desenvolvimento dos Estados Unidos (USAID). A distribuição dos kits ocorre sempre em conjunto com uma iniciativa que informe a população beneficiada sobre temas de saúde sexual e reprodutiva e violência baseada no gênero, como foi o caso da roda de conversa.
A ação no CRAS Pintolândia foi conduzida pela consultora do UNFPA, Lizandra Lima, e pela assistente social do CRAS, Gisele Silva Leitão. “O kit é de grande importância para essas mulheres, mas a conversa é fundamental para elas entenderem se vivem em um ambiente de violência”, disse Gisele. “É uma oportunidade de ajudar as mulheres a se inserirem dentro dos serviços da rede local, seja para buscar autonomia financeira, para fazer uma denúncia ou conseguir uma medida protetiva”, completa Lizandra.
A informação é uma importante ferramenta no combate à violência contra meninas e mulheres, e pode salvar vidas. “Esse encontro foi muito importante, eu gostei”, conta *Renata. “Com essas informações, já fica mais fácil pra minha irmã se livrar daquele agressor”.
*Nome fictício atribuído para proteção de sua identidade e privacidade.