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Ações realizadas na Assistência Humanitária alcançaram 8632 pessoas com informações sobre saúde seuxal e reprodutiva, atendimentos e encaminhamentos

Por Pedro Sibahi

 

A venezuelana Saravaty Perez, de 24 anos, conta que em seu país natal ela não tinha a opção de escolher na rede pública qual método contraceptivo iria usar, e que ao chegar no Brasil, a primeira experiência com injeção de contraceptivos trimestrais não lhe fez bem. Depois de conhecer o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), ela optou por receber a pílula oral combinada e diz que ficou satisfeita. “O UNFPA nos ajuda a controlar a gravidez de maneira mais planejada. Nós não chegamos no país para nos reproduzir e reproduzir, queremos dar uma vida melhor aos nossos filhos e aos que eventualmente vamos ter, e aqui podemos decidir se será com a injeção ou a pílula, é bom poder ter essa opção. A equipe é muito amável, nos ajudam, nos explicam e nos orientam para saber para quê e por quê vamos tomar cada método”, diz Perez, que é uma das mulheres refugiadas e migrantes vindas da Venezuela e atendidas diretamente pelo time de saúde sexual e reprodutiva do UNFPA na Assistência Humanitária no Brasil.

Ao longo de 2021, o UNFPA garantiu o acesso a métodos contraceptivos para 764 mulheres em Roraima e 485 mulheres no Amazonas. Os atendimentos foram parte da estratégia de garantir o direito à saúde sexual e reprodutiva para mulheres e meninas, que incluiu atividades de base comunitária, atendimentos individuais e jornadas de Saúde Reprodutiva.

Apenas em Roraima, foram realizadas 231 atividades de base comunitária, como rodas de conversa, dinâmicas de grupo e palestras, que atingiram 3.087 pessoas, entre mulheres e meninas, mas também homens e meninos. Dentro dos abrigos da Operação Acolhida foram realizados 2.357 atendimentos individuais, sendo 1.682 aconselhamentos sobre contraceptivos, 272 consultas de pré-natal , 62 atendimentos para Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e 128 atendimentos de saúde da mulher. Nas jornadas de contracepção, foram dispensados diretamente pela equipe do UNFPA métodos para garantir seis meses de cobertura a cada mulher atendida. Em Boa Vista, também foi realizado um treinamento com 19 membros dos Comitês de Saúde dos abrigos indígenas Jardim Floresta e Tancredo Neves. Os comitês são formados pelas próprias pessoas abrigadas, que são voluntárias para se responsabilizar por apoios emergenciais.


Roda de conversa sobre métodos contraceptivos em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela. © UNFPA Brasil/Pedro Sibahi

No estado do Amazonas, foram alcançadas 3.188 pessoas, por meio de 410 atividades de sensibilização sobre saúde sexual e reprodutiva, sendo a imensa maioria (2.247) mulheres. 

Os atendimentos individuais ainda beneficiaram 485 pessoas, incluindo um total de 245 casos de proteção envolvendo saúde sexual e reprodutiva. Dentre estes, havia 97 gestantes, 120 necessidades de contracepção e 39 casos de IST. No Amazonas, ainda foram doados 1.400 kits dignidade, contendo itens de higiene pessoal; R$249 mil em equipamentos de proteção individual, como luvas e máscaras; 1 usina de oxigênio; além de 5 ambulâncias revitalizadas.

Em parceria com a Fiocruz Amazônia, foi organizado um curso de atualização em urgências e emergências obstétricas para profissionais de saúde da região norte, que teve cerca de 1.400 inscrições. 

Em 2021, o Fundo de População da ONU esteve presente nos espaços da Operação Acolhida - Posto de Recepção e Apoio (PRA), Pitrig e Alojamento de Trânsito (ATM) -  nos abrigos do Poder Público, em Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) e em organizações da sociedade civil. As ações de dispensação de métodos contraceptivos se inserem no objetivo global do UNFPA de atingir três zeros até 2030: zero necessidades não atendidas de contracepção, zero mortes maternas evitáveis e zero violência e práticas nocivas contra mulheres e meninas.