Critério de seleção buscou valorizar projetos que apresentaram experiências e ações concretas e inovadoras quanto à garantia do acesso universal à saúde reprodutiva para todos
GOIÂNIA, Goiás - Na noite da última terça-feira (18), três iniciativas de saúde sexual e reprodutiva foram premiadas pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), durante a 18ª “Mostra Brasil, aqui tem SUS”, na categoria “UNFPA Saúde Reprodutiva para tod@s: Acelerando o compromisso”. A premiação nesta categoria, que ocorreu pelo segundo ano consecutivo, foi parte do XXXVII Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, realizado em Goiânia (GO), entre os dias 16 e 19 de julho.
Foram selecionados projetos das regiões sul, norte e nordeste, que receberam a homenagem das mãos da representante do UNFPA no Brasil, Florbela Fernandes, e da diretoria do Conasems. Um dos projetos selecionados é intitulado “Incríveis avanços no SUS – planejamento reprodutivo com inserção do DIU em mulheres vivendo com HIV”, de Aruska Kelly Araújo, do município de Arapiraca, no Alagoas. Também foi premiado o projeto “Ambulatório para atendimento integral à população transgênero de São José/SC”, de Hubert Beck Neto, de Santa Catarina. Ainda recebeu o prêmio a iniciativa “Unidade móvel da saúde da mulher – ampliação da assistência da saúde feminina no município de Paraupebas – PA”, de Cleice Rosani Portela, do Pará.
Segundo a oficial de Segurança em Insumos para Saúde Sexual e Reprodutiva do UNFPA, Nair Souza, buscou-se dar visibilidade a temas que muitas vezes ficam para trás, como HIV e população trans. “Temos que fomentar a discussão desses temas”, afirmou Nair. “Selecionamos projetos que demonstrassem inovação, trouxessem resultados concretos e ações intersetoriais, como o diálogo entre a saúde e a educação, além da viabilidade de replicação para outros municípios e outras regiões”, acrescentou ela.
Segundo a oficial, “a mostra traz uma visibilidade para os municípios e reconhece as pessoas que estão na ponta. Então esse é o papel do prêmio, valorizar essas pessoas que estão à frente do SUS, onde o SUS acontece, com todos os desafios e todas as adversidades. Para além da rotina, essas pessoas se dedicam a implementar um projeto e executar pensando na população, então isso demonstra o papel fundamental do SUS em relação às pessoas que estão nos territórios”.
Aruska Kelly Araújo, de Arapiraca, afirmou que “ter ganhado esse prêmio representa para nós a necessidade de ampliar o olhar para a garantia do acesso às mulheres para a saúde sexual e reprodutiva, principalmente as mulheres que vivem com HIV, que às vezes acabam ficando fora desse contexto de atenção às mulheres”.
Ela destacou que o Ministério da Saúde já oferta o próprio DIU (dispositivo intrauterino), e a estrutura necessária é mínima para se garantir o acesso a esse método contraceptivo de alta eficácia, que pode durar até 10 anos no corpo da mulher, sem dosagens hormonais, proporcionando o empoderamento de decidir sobre seu planejamento reprodutivo. “Essa é maior vitória, é importante saber que é possível sim replicar essa ação entendendo que as mulheres precisam ser vistas de forma ampliada, para além do HIV”, concluiu.
Hubert Beck, de Santa Catarina, afirmou que “essa premiação representa o trabalho fantástico que fazemos com a população trans no município de São José, em Santa Catarina. O SUS precisa dessa diversidade, precisa de inclusão, existem políticas para essa população há mais de 10 anos, mas elas são muito pouco efetivadas. Então, a gente precisa dessa diversidade de gênero, da diversidade sexual, porque isso também é fazer saúde e fazer SUS”.