Segundo o IBGE, são 1,3 milhão de quilombolas em cerca de 1,7 mil municípios do Brasil. Os dados foram divulgados em evento realizado em Brasília nesta quinta-feira, dia 27 de julho
Por Thainá Kedzierski
Brasília, DISTRITO FEDERAL - Após 135 anos da abolição da escravidão no Brasil, hoje é possível saber quantas pessoas quilombolas vivem no país, onde estão e em quais condições vivem as comunidades no Brasil. Isso porque na última quinta-feira, dia 27 de julho, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os primeiros dados sobre população quilombola que serão publicados no Censo 2022.
“O Censo Quilombola contou com guias das próprias comunidades quilombolas e monitoramento em tempo real da qualidade da coleta. Isso é fruto de participação social, das lideranças e da mobilização de tanta gente que colaborou com esse trabalho. O IBGE está comprometido com a ampliação de povos e comunidades tradicionais nas estatísticas com foco em novas operações”, reflete Cimar Azeredo, presidente interino do IBGE.
O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) trabalhou em conjunto com o IBGE para a elaboração da metodologia para coleta das informações, construída através de consultas públicas, livres e esclarecidas, com representantes da população quilombola de todo o país, além de órgãos e entidades que atuam na agenda quilombola. O UNFPA participou, também, da estratégia de divulgação do censo Quilombola e da sensibilização da população sobre a importância da resposta ao quesito quilombola. Segundo os dados divulgados, apenas 12,6% da população quilombola residia em territórios oficialmente reconhecidos. Os dados ainda mostram que 68,19% dos quilombolas residem no nordeste do país e a Bahia concentra 29,90% desta população.
No discurso durante o evento, a representante do UNFPA no Brasil, Florbela Fernandes, mencionou que a ausência de dados sobre essa população reflete na construção e defesa dos direitos humanos no Brasil e era incompatível com os marcos internacionais de direitos humanos - especialmente com o compromisso de não deixar ninguém para trás, da Agenda 2030, e com o compromisso da Declaração de Durban.
"A inclusão de um quesito para população quilombola representa um marco de reparação histórica importante e que serve de inspiração e referência para outros países da diáspora africana. O desafio que temos pela frente é de assegurar que os dados divulgados sirvam para a tomada de ações que resultam em mais direitos e mais oportunidades para a população quilombola", destaca Florbela Fernandes.
O coordenador da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), Denildo Rodrigues, conhecido como Biko, destacou a necessidade de avançar nas políticas públicas para essa população. “Gostaria de agradecer a todas as lideranças quilombolas. O Censo é uma conquista de anos de lutas. É muito importante que a gente possa avançar na construção de políticas públicas. Os dados coletados servem para todos os ministérios que atuam com a política quilombola possam alavancar e chegar a esses territorios”, finaliza ele.
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