A venezuelana Loraima Ruiz, de 54 anos, sempre se orgulhou de saber fazer “de tudo um pouco”. Ao longo de sua vida trabalhou em uma plataforma de petróleo, como cabeleireira, em uma loja de presentes, fazendo artesanatos, entre outras atividades. Em um determinado momento da vida, tomou a dura decisão de ir embora de seu país e levou consigo a pequena Débora, uma de seus seis netos e netas, de 6 anos. “A situação estava muito difícil, então pensei que deveria levar ao menos uma das crianças embora, assim ficaria um pouco mais fácil para minhas filhas alimentarem as que ficaram”, explica.
Loraima chegou em Pacaraima, Roraima, em 30 de Dezembro. Das ruas, viu o alvorecer de 2019. Atendida pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) desde a chegada, conseguiu abrigo em Boa Vista para ela e a neta, um lugar onde estivessem seguras. “Estou dormindo bem, comendo e tomando banho. Cheguei com 39 kg, estava quase débil de tão fraca. Agora estou com 51 kg”, celebra.
O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) observa, no atendimento a migrantes e pessoas refugiadas, os critérios que norteiam seu mandato, como foco em mulheres, mulheres grávidas, meninas, jovens, pessoas idosas, com deficiência, vivendo com HIV, indígenas e outros grupos étnico-raciais, além da população LGBTI. O UNFPA busca assegurar que essa população tenha informação apropriada sobre seus direitos e trabalha para viabilizar sua adequada inserção nos serviços de saúde e proteção social, além de promover a resiliência comunitária.
A senhora pequena e determinada participou de oficinas de treinamento em defesa pessoal, um instrumento de prevenção contra a violência de gênero, e rodas de conversa sobre saúde sexual e reprodutiva, promovidas pelo UNFPA. Ela segue sua filosofia de aprender e se movimentar: vende, dentro dos abrigos e fora deles, artigos para bebês feitos em tricô, sua principal fonte de renda. “Eu tenho muita vergonha de pedir dinheiro, então prefiro vender”, justifica.
A neta está na primeira série do ensino fundamental. “Não quero voltar [para a Venezuela]. Aqui estou estudando e aprendendo, tem televisão e parque”, conta. Com a simplicidade da infância, confessa um segredo: “gosto da escola porque lá a comida é boa”.