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O Caminhos da Reportagem exibe nesta quinta-feira (20/10) às 20h50 o programa “Morte materna: histórias de dor e saudade” que foi produzido em parceria com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), ONU Mulheres e assessoria técnica da Organização Pan-americana de Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS).

Mulheres grávidas aguardam atendimento em um Centro de Saúde da Asa Sul, em Brasília

O programa vai contar cinco histórias de mulheres que perderam a vida por diferentes causas, mas todas com algo em comum: envolviam gestação, parto ou puerpério. Familiares contam o que essas vítimas enfrentaram para obter atendimento médico e falam sobre a luta por justiça. A história de Alyne Pimentel, que faleceu aos 26 anos no corredor de um hospital no Rio de Janeiro aguardando por um leito, será relembrada ressaltando os desafios para a humanização dos serviços de saúde pública. Uma história de omissão e descaso que levou o país a ser condenado pelo Comitê para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (CEDAW).

Outras história também serão abordas no programa como a de Nayres Rodrigues. A jovem de 19 anos vivia em Alcântara, no Maranhão e, em 2015, faleceu durante o trabalho de parto. O bebê também não sobreviveu. A jovem mãe foi enterrada com o filho ainda na barriga e, mais de um ano depois da morte dos dois, a família aguarda o laudo da exumação do corpo e ainda busca entender o que aconteceu.

Catiane Alves, 25, é estudante, está grávida do sexto filho e sua gestação é de alto risco. Além de ter de esperar a visita de algum médico na região, precisa do irmão para levá-la de moto ao local do atendimento, que acontece distante de sua residência.

O Brasil não alcançou a meta de redução de mortalidade materna recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 35 mortes para cada 100 mil nascidos vivos. Embora o país tenha conseguido reduzir os índices, ainda registra, em média, 62 mortes para cada 100 mil nascidos vivos. Os estados que lideram esses índices são Bahia, Pará, Maranhão e Rio de Janeiro.

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A Representante Auxiliar do UNFPA Brasil, Fernanda Lopes, é uma das entrevistadas do programa Caminhos da Reportagem da EBC.

De acordo com o Sistema de Informação sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde, as principais causas de morte materna no Brasil são hipertensão, hemorragia, doenças cardiovasculares, infecção no pós-parto e aborto clandestino

Morte materna é a morte de mulheres durante a gestação, o trabalho de parto ou até 42 dias após o término da gravidez, no período chamado puerpério. É causada por qualquer fator relacionado ou agravado pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela.

Para a médica obstetra Esther Vilela, coordenadora da área técnica de saúde da mulher do Ministério da Saúde, "a grande questão da morte materna é o seu grau de evitabilidade, ou seja, em torno de 92% dessas mulheres que morreram por questões maternas, elas não precisariam ter morrido. Isso causa nas famílias que perderam essas mulheres uma grande dor e em nós também, gestores, profissionais de saúde, ninguém quer que uma mulher morra decorrente da morte materna".

Além desta produção deste programa realizado em parceira com as agências do Sistema ONU, na próxima semana, em 25 de outubro, o Caminhos da Reportagem receberá o Prêmio de Jornalismo Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos como melhor documentário jornalístico pelo programa Mulheres do Zika, produzido em cooperação com a ONU Mulheres, UNFPA, Secretaria de Políticas para as Mulheres e apoio técnico da OPAS/OMS, veiculado em julho passado.

 

Com informações da TV Brasil e ONU Mulheres

Fotos: TV Brasil e UNFPA Brasil