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Fundo de População da ONU lança relatório sobre crise invisível de gravidez não intencional

Fundo de População da ONU lança relatório sobre crise invisível de gravidez não intencional

Press Release

Fundo de População da ONU lança relatório sobre crise invisível de gravidez não intencional

calendar_today 14 July 2022

Relatório sobre gravidez não intencional é lançado nesta quinta-feira (14/07)
Relatório sobre gravidez não intencional é lançado nesta quinta-feira (14/07)

São 121 milhões de gravidezes não intencionais a cada ano, no mundo. Relatório observa as circunstâncias e consequências dessa emergência oculta

O Fundo de População da ONU no Brasil lança durante o 36º Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, a ser realizado entre os dias 12 e 15 de julho, em Campo Grande/MS, relatório global sobre a crise invisível de gravidez não intencional. São 120 milhões de gravidezes não planejadas, a cada ano, no mundo. O dado que mais chama a atenção no estudo, com relação ao Brasil, é o custo estimado de gestações não planejadas: US $2,33 bilhões. 

 

Estudo brasileiro, incorporado no documento internacional, aponta que o custo estimado de gestações não planejadas é de US $2,33 bilhões. Esses custos incluem gastos com cuidados referentes a abortos espontâneos (0,8%), de parto para as gestações não intencionais (30%) e para pagar por quaisquer complicações dos bebês que surgiram nessas situações (cerca de 70%). Os pesquisadores excluíram os custos de abortos induzidos e não incluíram os custos de morbidade materna e ausência da força de trabalho. A análise dos dados pode sugerir, que sob a perspectiva da saúde integral e do bem-estar, os números podem ser ainda mais expressivos.

 

A ONU pretende com o relatório, intitulado “Vendo o invisível: em defesa da ação na negligenciada crise da gravidez não intencional”, chamar a atenção da comunidade internacional, especialmente dos governos, para dar visibilidade à situação, para além de estereótipos, preconceito ou discussões relacionadas à moral. Através de evidências, o estudo denota que a gravidez não intencional é uma questão humanitária, de saúde, de direitos humanos e de desenvolvimento.

 

Segundo Júnia Quiroga, representante auxiliar do Fundo de População da ONU no Brasil, agência do Sistema ONU responsável por promover e assegurar o direito à saúde sexual e reprodutiva, é imprescindível convencer a comunidade internacional de que essa é uma crise a ser visibilizada. “Um trabalho sério, baseado em evidências, precisa ser feito com urgência para que a gravidez seja uma escolha. É primordial disponibilizar políticas públicas de planejamento da vida reprodutiva, métodos contraceptivos modernos e seguros, atender as necessidades de saúde de todas as pessoas, especialmente de mulheres e meninas e enfrentar a violência sexual e de gênero”.

 

Causas negligenciadas

 

A gravidez não intencional tem como razões o baixo acesso a métodos contraceptivos seguros e modernos e a incapacidade de recusar relações sexuais seja por questões culturais ou por diferentes graus de violência, entre outros. Em contextos de emergência ou adversidades, como a pandemia de Covid-19 e emergências humanitárias como a atual guerra na Ucrânia, esse cenário fica ainda mais evidente.

 

Alguns estudos mostraram que mais de 20% das mulheres e meninas refugiadas já enfrentaram violência sexual. Nos 12 primeiros meses da pandemia de Covid-19, estima-se que 1,4 milhões de gravidezes não intencionais ocorreram, devido à dificuldade de acesso a métodos contraceptivos modernos e seguros.

 

Consequências. Toda a sociedade é afetada ao longo de gerações

 

Quando as gestações não são intencionais, muitas vezes levam a uma pior saúde física e mental. Meninas grávidas podem ser forçadas a se casar ou deixar a escola. Muitas mulheres abandonam o emprego. Aquelas em relacionamentos abusivos correm duas vezes mais risco de gravidez não planejada, e essas gestações muitas vezes dificultam o corte dos laços com o agressor. Essas são algumas das consequências, quando mulheres não têm a possibilidade de escolher engravidar ou não.

 

Outra grave consequência são os abortos inseguros, uma das principais causas de morte materna em todo o mundo e que hospitaliza milhões de mulheres, todos os anos. Mais de 60% das gestações não intencionais terminam em aborto e as melhores estimativas indicam que 45% de todos os abortos são inseguros.

 

O Fundo de População da ONU, alerta que das milhões de gravidezes não intencionais que acontecem a cada ano, muitas serão recebidas com prazer. Outras causarão medo ou preocupação, mas acabarão por resultar em filhos que são profundamente amados e uma fonte de grande alegria.

 

“Toda criança nascida de uma gravidez não intencional é uma pessoa com valor inerente, dignidade e direitos humanos. No entanto, nada disso está em conflito com o fato de que gestações não planejadas podem desencadear uma série de consequências negativas que ecoam por gerações. Há perdas de educação e renda. O preço cumulativo a pagar é enorme, custando bilhões aos sistemas de saúde”, aponta o documento.

 

Acesse o relatório completo: https://bit.ly/swop2022

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