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Nações Unidas, Nova Iorque e Brasília, 18 de novembro de 2014 – Os países em desenvolvimento com uma numerosa população de jovens podem ter um grande impulso em suas economias se realizarem investimentos na juventude, com ênfase em educação, em saúde e na proteção dos direitos dessa população. É o que aponta o relatório Situação da População Mundial 2014, divulgado hoje pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).

Esses ganhos econômicos potenciais são possíveis devido à transição demográfica, que é o processo combinado de redução da fecundidade (as famílias têm menos filhos) e da mortalidade em uma população – quando as pessoas passam a viver mais. Isso aumenta a proporção de pessoas em idade de trabalhar (entre 15 e 64 anos) em relação à população dependente (de crianças até 14 anos e idosos com mais de 65 anos), gerando o chamado "bônus demográfico", que é uma situação benéfica oferecida pela estrutura etária - uma maior população em idade ativa - que, se for bem aproveitada, pode gerar um ganho econômico e um maior desenvolvimento para o país.

O relatório indica que o bônus demográfico está ocorrendo em 59 países - entre eles o Brasil – e é uma janela de oportunidade única na história.

Para aproveitar plenamente o bônus demográfico, os países precisam fazer investimentos focados nas necessidades e expectativas das pessoas jovens e na efetivação de seus direitos humanos, assegurando que elas encontrem um ambiente favorável para fazerem escolhas de vida, bem como as condições necessárias para transitarem de forma segura e saudável da adolescência para a idade adulta, adquirindo as habilidades necessárias para encontrar bons empregos e ter sucesso em uma economia dinâmica, desfrutando de seus direitos e alcançando o seu pleno potencial.

Segundo o relatório, existem atualmente 1,8 bilhão de jovens no mundo na faixa etária dos 10 aos 24 anos. “A cifra atual sem precedentes é uma grande oportunidade para mudar o futuro”, disse Babatunde Osotimehim, Diretor Executivo do UNFPA. "Os jovens são os inovadores, criadores, construtores e líderes do futuro. Entretanto, eles só podem transformar o futuro se tiverem saúde e as condições de vida adequadas", acrescenta.

O relatório do UNFPA aponta que nove em cada 10 jovens vivem atualmente em países em desenvolvimento e enfrentam maiores obstáculos para o desenvolvimento de seus potenciais e o alcance de uma inserção mais produtiva na força de trabalho; 515 milhões, quase um terço do total, vive em situação de pobreza, com menos de dois dólares por dia. E 60% da população jovem mundial estão sem trabalho - e/ou sem vínculo formal de trabalho - e fora da escola, estando, portanto, em situação mais desfavorável para contribuir com o desenvolvimento de seus países.

Com políticas e investimentos adequados em capital humano, os países podem capacitar as pessoas jovens para promover o desenvolvimento econômico e social e aumentar a renda per capita, diz o documento do UNFPA.

O Diretor Executivo do UNFPA faz um apelo aos países que buscam alcançar o bônus demográfico que garantam que os resultados obtidos beneficiem a todos. "É muito fácil falar sobre o bônus demográfico em termos de dinheiro, poupança e crescimento econômico", diz o Dr. Osotimehim. "O bônus demográfico deve ocorrer de modo a proporcionar um crescimento inclusivo, trazendo oportunidades e bem-estar para todos."

Na América Latina e no Caribe, vivem mais de 165 milhões de pessoas entre 10 e 24 anos de idade, de uma população total de 618 milhões. Os países da região estão em diferentes estágios da transição demográfica e os investimentos no desenvolvimento de jovens têm ajudado no crescimento econômico. No entanto, fatores socioculturais são percebidos pela maioria dos países como as barreiras importantes a serem vencidas na implementação de políticas em favor dos adolescentes e jovens.

Nos anos de 1950 e 1960, várias economias do Leste Asiático aumentaram o acesso ao planejamento reprodutivo voluntário, permitindo às suas populações jovens iniciar suas famílias mais tarde e a ter menos filhos. Isso aumentou a disponibilidade de recursos para investimentos produtivos, contribuindo para que a República da Coreia, por exemplo, tenha alcançado um crescimento no produto interno bruto per capita de cerca de 2.200% entre 1950 e 2008.

Se os países da África Subsaariana replicarem a experiência do Leste Asiático, investindo adequadamente na juventude, permitindo-lhes participar na tomada de decisões e criando políticas que fortaleçam o desenvolvimento econômico, a região como um todo poderia conseguir um aumento econômico de até 500 bilhões de dólares por ano, durante 30 anos, devido ao bônus demográfico. Um bônus demográfico dessa magnitude poderia tirar milhões de pessoas da pobreza, melhorar a qualidade de vida e impulsionar as economias.

Os investimentos necessários para atingir esse bônus são aqueles que protegem os direitos, incluindo os direitos sexuais; que melhoram a saúde, inclusive a saúde sexual e reprodutiva; e fornecem as ferramentas e os conhecimentos necessários para a população jovem participar da economia e na tomada de decisões, de forma a contribuir para o seu bem-estar e de suas comunidades e países.

Sobre o Brasil – O relatório do UNFPA não traz dados nacionais específicos. Entretanto, aponta o Brasil ocupando a sétima posição no ranking de países com maior número de jovens (51 milhões). A lista é liderada pela Índia com 356 milhões de jovens, seguida pela China com 269 milhões, Indonésia com 67 milhões, EUA com 65 milhões, Paquistão com 59 milhões; e Nigéria com 57 milhões. O país é citado também como exemplo devido a seus programas de transferência de renda, os quais têm contribuído para a redução das desigualdades e para promover o empoderamento das mulheres.

Sobre o UNFPA - Presente em cerca de 150 países - representando 80 por cento da população mundial -, o Fundo de População das Nações Unidas é a agência líder da ONU dedicada a contribuir para um mundo onde cada gravidez seja desejada, cada parto seja seguro e cada jovem possa alcançar seu pleno desenvolvimento. O UNFPA amplia as possibilidades para as mulheres e jovens desfrutarem de uma vida produtiva e saudável. Trabalhamos com o setor governamental e através de parcerias estratégicas com outras agências das Nações Unidas, a sociedade civil e o setor privado, fazendo uma grande diferença na vida de milhões de pessoas, especialmente aquelas que estão em condições de exclusão.

Saiba mais sobre o relatório: http://www.unfpa.org.br/swop2014/

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