Como parte de um amplo processo de consulta, feito em várias partes do país, sobre os avanços desde a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD), a Rede Brasileira de População e Desenvolvimento chegou a Roraima na última semana. O objetivo foi colher demandas, experiências e proposições de imigrantes, profissionais que atuam na resposta ao fluxo migratório e a comunidade acadêmica sobre os desafios da imigração no Brasil no marco dos 25 anos da conferência, realizada no Cairo em 1994. 

O encontro foi realizado em parceria com o Fundo de População da ONU e contou com a participação de professores e estudantes da Universidade Federal de Roraima, profissionais do Exército de Salvação, da Associação Voluntários para o Serviço Internacional em Brasil (AVISI), do Núcleo de Mulheres de Roraima e pessoas migrantes e refugiadas de diversas gerações e gêneros. 

A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento é considerada um marco na agenda de população e desenvolvimento. Ela representou uma mudança de paradigma na forma como esses assuntos passaram a ser abordados: antes de 1994, falava-se em explosão populacional e possível escassez de alimentos, de necessidade de controle de natalidade. Após a conferência, o foco passou a ser a liberdade de escolha, com foco na equidade de gênero e na promoção dos direitos reprodutivos como direitos humanos. 

Em Roraima, a atividade foi realizada através de uma metodologia participativa e de roda de conversa, na qual os participantes foram estimulados a contribuir com suas experiências e suas opiniões com relação aos desafios, assim como os avanços em relação aos processos migratórios no Brasil. 

“O objetivo desses encontros é pensar quais são os avanços, lacunas e desafios atuais passados os 25 anos da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento no Brasil, já foram realizados dos grandes eventos no Brasil com a comunidade científica, as consultas para grupos populacionais específicos, a consulta LGBTIQ, a consulta ao enfrentamento a HIV/AIDS no Brasil e agora a consulta para população migrante aqui em Roraima. Ainda falta uma série de consultas que terá como resultado a criação de um relatório luz da sociedade civil brasileira sobre a implementação dos 25 anos da agenda população e desenvolvimento no Brasil, que será entregue ao Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas”, explica Richarlls Martins, coordenador da Rede Brasileira de População e Desenvolvimento.

“Foi extremamente positiva a consulta realizada aqui em Roraima, não foi especificamente uma atividade local, ela ultrapassou de fato as fronteiras. Foi uma atividade latinoamericana e caribenha porque tínhamos representações de população migrante da Venezuela mas também de El Salvador, da Colômbia, além de uma alta representação de profissionais que atuam na resposta à crise humanitária”, completa Richarlls.