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População negra tem os piores indicadores sociais, alerta UNFPA no Dia pela Eliminação da Discriminação Racial

População negra tem os piores indicadores sociais, alerta UNFPA no Dia pela Eliminação da Discriminação Racial

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População negra tem os piores indicadores sociais, alerta UNFPA no Dia pela Eliminação da Discriminação Racial

calendar_today 21 March 2017

No Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, 21 de março, o Fundo de População das Nações Unidas alerta sobre os indicadores sociais negativos da população negra brasileira.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2014, negros e negras, o que inclui pardos e pretos, compõem 53,6% da população brasileira. Apesar de maioria, essa população enfrenta grandes grandes desigualdades, a começar pelo quesito renda: entre os 10% da população mais pobre do país, 76% são negros. Entre o 1% mais rico, apenas 17,4% são negros.

A população negra é, ainda, a mais suscetível à violência: um homem negro tem oito vezes mais chances de ser vítima de homicídio no Brasil que um homem branco, apontam estudos realizados a partir de dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

O Mapa da Violência de 2016 mostra que, de 2003 a 2014, o número de homicídios de pessoas brancas por armas de fogo caiu 26,1%. Em contrapartida, o de pessoas negras aumentou 46,9%. Das 42.291 pessoas vítimas de homicídios por armas de fogo no último ano, 26.354 (62,3%) eram pardas e 3.459 (8,2%) eram pretas.

Na educação, enquanto 22,2% da população branca têm 12 anos de estudos ou mais, a taxa é de 9,4% para a população negra. O índice de anafalbetismo para a população negra é de 11,8% - maior que a média de toda população brasileira (8,7%).

Dos jovens entre 15 e 29 anos que não estudavam nem trabalhavam, 62,9% eram negros e negras, de acordo com o IBGE. A maternidade precoce é um dos fatores que levam as meninas à essa condição: do total de meninas de 15 a 19 anos sem estudo e sem trabalho, 59,7% têm pelo menos um filho sendo que, destas, 69% são negras.

A informalidade econômica também afeta mais a população negra, apesar dos avanços registrados nos últimos anos. A parcela da população negra na informalidade caiu de 62,7% em 2004 para 48,4%, em 2014. Mas, no mesmo período, os indicadores para a população branca caíram bem mais, de 47% para 35,3%.

Para o representante do UNFPA no Brasil, Jaime Nadal, “os indicadores sociais e econômicos provam que a população negra segue sendo discriminada. É especialmente alarmante constatar os níveis de violência contra jovens negros e negras que tem resultado na perda prematura de tantas vidas. Isso se deve, em grande parte, ao racismo e ao imaginário social, que aceita a ocorrência dessas mortes e a sua impunidade”.

Nadal aponta que, para mudar a atual situação, é necessário “reforçar e ampliar as políticas públicas que combatam o racismo e a discriminação e garantam oportunidades iguais para a população negra, nos mais diversos âmbitos: saúde, educação, cultura, segurança, trabalho”. Em relação à população negra jovem, “precisamos oferecer-lhes ambientes seguros, participativos e plurais, onde possam ser agentes de transformação e possam tomar suas próprias decisões”, conclui o representante.

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