Dr. Babatunde Osotimehin discursou na abertura da Conferência de Montevidéu
Montevidéu – A 1ª. Conferência Regional sobre População e Desenvolvimento da América Latina e o Caribe é realizada no contexto de dois importantes marcos das Nações Unidas: o processo de Revisão da CIPD para Além de 2014 e a discussão da agenda de desenvolvimento pós-2015. Esse foi o ponto destacado pelo Diretor Executivo do Fundo de População das Nações Unidas, Dr. Babatunde Osotimehin, durante a Cerimônia de Abertura da conferência, no último dia 12.
Em seu discurso, Dr. Osotimehin disse que o encontro é uma oportunidade para conectar a revisão da CIPD com a discussão sobre o futuro da agenda global depois dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, de modo a “assegurar que somos realmente capazes de colocar as pessoas e os direitos no centro da agenda de desenvolvimento pós-2015”.
“Hoje, as pessoas na América Latina e Caribe são mais empoderadas do que eram há 20 anos”, continuou o Diretor Executivo do UNFPA. “A região tem visto um crescimento econômico considerável desde a última década, e programas de proteção social em muitos países tem assegurado que mais pessoas, incluindo os pobres e marginalizados, sejam beneficiados com esse crescimento”.
Da mesma forma, ele continuou, “temos visto importantes progressos em igualdade de gênero e participação das mulheres nas esferas sociais, econômicas e políticas. Mas ainda há muito trabalho a ser feito a fim de alcançar a igualdade de gênero, aumentar a capacidade das mulheres em exercer seus direitos de saúde sexual e reprodutiva, reduzir a violência baseada em gênero, melhorar o equilíbrio entre a vida produtiva e reprodutiva das mulheres e, ao fazê-lo, aumentar sua capacidade de participar mais plenamente na economia, nos processos políticos e na vida pública”.
“Entretanto”, Dr. Osotimehin enfatizou, “promover a igualdade de gênero em um mundo pós-2015 inclui concluir o trabalho da Declaração do Milênio. Infelizmente, os ODMs que estão mais distante de serem atingidos são aqueles diretamente ligados à igualdade de gênero, como a redução da morte materna e a garantia da saúde reprodutiva e direitos. E isso apesar das provas contundentes de que a desigualdade de gênero retarda significativamente o crescimento econômico em países ricos e pobres”.
Colocando em foco a questão crítica do crescimento e diálogo na ocasião do Dia Internacional da Juventude, Dr. Osotimehin destacou o papel essencial das pessoas jovens. “Muitos países estão prestes a colher frutos do ‘bônus demográfico’, mas isso requer que os tomadores de decisão e planejadores invistam agora em programas para que a população jovem tenham acesso ao trabalho decente, educação, participação social e serviços de saúde, particularmente serviços de saúde sexual e reprodutiva”.
“Adolescentes e jovens totalmente envolvidos , educados, saudáveis e produtivos podem ajudar a quebrar o ciclo da pobreza e fortalecer suas famílias, comunidades e nações”, disse Dr. Osotimehin. Para que isso aconteça, ele acrescentou, “pessoas jovens devem ser capazes de exercer seus direitos de educação, incluindo educação em sexualidade apropriada para a idade; o direiro à saúde sexual e reprodutiva por meio de serviços de saúde amigáveis que incluam acesso aos contraceptivos; o direito ao trabalho decente e à participação nas tomadas de decisões”.
“O resultado desta Conferência deve enviar uma mensagem clara para os 140 milhões de jovens vivendo na região, de que eles estão sendo ouvindos e que queremos juntar forças para oferecer oportunidades para aqueles que não tem acesso à escola ou ao trabalho”, ele frisou.
“Trabalhando juntos, podemos elaborar uma resposta integrada para os mais de 32% da população jovem da região que sofrem as consequências da evasão escolar, gravidez na adolescência, desemprego, dependência de drogas ou conflitos com a lei”, acrescentou o Diretor Executivo, afirmando: “Esta é uma obrigação moral e social, uma necessidade política e econômica”.
A Conferência de Montevidéu, uma das maiores reuniões intergovernamentais dos últimos anos, conta com a participação de mais de 800 pessoas, incluindo autoridades, especialistas em população e representantes de organizações não governamentais. É organizada pela Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL) e Governo do Uruguai, com o apoio do UNFPA, o Fundo de População das Nações Unidas.