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Foram dois dias de aprofundamento sobre a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD), realizada em 1994, na cidade de Cairo, Egito. Workshop contou com a participação de Jacqueline Pitanguy e das organizações contempladas no I Edital Nas Trilhas de Cairo, promovido pelo Fundo de População da ONU

Representantes das organizações contempladas no I Edital “Nas Trilhas do Cairo”, lançado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), se reuniram virtualmente para o segundo workshop de capacitação sobre o Programa da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD), realizada em 1994, em Cairo, Egito. Na ocasião, representantes das 14 organizações da sociedade civil tiveram a oportunidade de se capacitar e fazer uma análise sobre o legado dessa Conferência.  

“A CIPD estabeleceu novos marcos para saúde reprodutiva e direitos reprodutivos, igualdade de gênero, direitos da juventude, desigualdades sociais e questões étnico-raciais, entre outros temas, sempre com um enfoque de direitos humanos”, explica Astrid Bant, Representante do UNFPA no Brasil. “Espero que possamos nos fortalecer e que nossa parceria tenha impactos significativos na sociedade e na vida das pessoas”, complementa.

Para Júnia Quiroga, Representante Auxiliar do UNFPA Brasil, o workshop é um momento de aprofundamento sobre a agenda da CIPD: “ao longo de uma série de workshops vamos nos dedicar à análise de grandes marcos internacionais. Este é um momento de reflexão sobre a construção da agenda da CIPD e uma oportunidade de discussão e fortalecimento de rede entre atores-chaves que tem ajudado na implementação e/ou análise da Agenda”.

Jacqueline Pitanguy é socióloga e coordenadora executiva da Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação (CEPIA), ela foi convidada a participar do workshop para compartilhar a jornada da sociedade civil na preparação da Conferência e do seu Programa de Ação. Durante o workshop, ela compartilhou sua experiência e participação enquanto sociedade civil e membro da delegação oficial do país na CIPD em 1994. 


A socióloga Jacqueline Pitanguy compartilhou sua experiência quando esteve na Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, realizada em 1994 (Reprodução/Zoom)

No âmbito nacional, Jacqueline Pitanguy considera que “a preparação para a Conferência foi uma pré-história de lutas, de alianças estratégicas, estabelecimento de consenso e definição de aliados. Um conjunto de organizações se reuniu e formaram um consórcio, trabalharam de forma muito eficiente para ‘trazer o Cairo para dentro de casa’, para alertar ao país, às mulheres brasileiras e aos movimentos de que estava acontecendo uma discussão no cenário das Nações Unidas. O que fosse decidido, iria influir diretamente na nossa vida, no nosso corpo, na nossa vida sexual e reprodutiva e na nossa saúde”.

Em 1993, foi elaborada uma carta para levar o posicionamento do Brasil na Conferência: “Nós organizamos um evento no Congresso Nacional que deu lugar a um documento chamado Carta de Brasília: nossos direitos para Cairo 94, é um documento que viabiliza e informa e é um instrumento de advocacy”, ela complementa: “Essa carta de Brasília balizou a posição do Brasil na Conferência”.

O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e as organizações selecionadas terão ainda outros grandes encontros, que ocorrerão de forma trimestral e vão ajudar a compreender o Programa de Ação da Conferência em profundidade.

Sobre o edital

Lançado em outubro de 2020, o I Edital Nas Trilhas de Cairo foi idealizado com a missão de dar suporte para projetos que envolvem os temas de saúde sexual e reprodutiva; população e desenvolvimento; comunicação para a defesa dos direitos humanos; juventude, gênero e raça.