Na segunda-feira, 9, a oficial de programa para Assuntos Humanitários do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Irina Bacci, ministrou uma aula magna sobre migração e direitos LGBTI na Universidade Federal de Roraima (UFRR). A aula faz parte da programação comemorativa dos trinta anos da universidade com o tema “Unidos Pela Diversidade”, marcando o começo do segundo semestre letivo de 2019.
A aula dialogou com a comunidade universitária acerca dos desafios e oportunidades da agenda de população e desenvolvimento, no marco dos 25 anos da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD), realizada em 1994. A oficial ressaltou sobre os pontos em comum do Programa de Ação do Cairo, pactuado por 179 países na Conferência, com as temáticas migratórias e direitos LGBTI. “A CIPD representou uma mudança de paradigma na forma como a dinâmica populacional passou a ser observada, ao apresentar diretos e escolhas como eixo central do debate. Muitas pessoas enfrentam marginalização e estigma que podem resultar em barreiras significativas no acesso à saúde sexual e reprodutiva e à realização de direitos e escolhas. A estigmatização pode impedir que pessoas procurem os serviços de que precisam e aos quais têm direito e, consequentemente, aumenta o risco de violência sexual, gravidez não intencional, infecções sexualmente transmissíveis e ao HIV. A marginalização também leva a violência e ao deslocamento forçado”, ressaltou.
De acordo com o Relatório da Situação da População Mundial 2019, as pessoas mais vulneráveis e que não podem ser deixadas para trás incluem a comunidade LGBTI, pessoas com deficiência e adolescentes. A população migrante e refugiada também se insere neste contexto por somar vulnerabilidades.
“As crises aumentam a vulnerabilidade de mulheres, meninas e pessoas LGBTI, e constituem uma ameaça às suas vidas. Devido a urgência inicial de fornecer comida, abrigo e necessidades básicas, as específicas de proteção podem ser negligenciadas, bem como a disponibilidade de serviços. Desta forma, essas pessoas estão expostas a um risco muito maior de exploração, violência e abuso. As mulheres e meninas cis ou trans são particularmente vulneráveis ao tráfico de seres humanos para fins de exploração sexual e trabalho forçado, um ilícito negócio multimilionário”, completa Irina
“Criamos o slogan Unidos pela Diversidade porque a gente sabe que, nesse momento, estamos vivenciando fluxos migratórios diversos. Ter a confluência de culturas é uma razão para comemorar os trinta anos da universidade, além de conectar a população com dois assuntos que são muito importantes: migração e população LGBTI”, explica a professora do curso de Jornalismo da UFRR, Lisiane Machado.
“Ter uma visita como essa é importante para ter outro olhar e debater sobre os temas relacionados à população LGBTI. No nosso estado temos altos números de agressões contra pessoas LGBTI, por isso é tão importante falar sobre esse tema. A aula demonstrou para nós que é possível sim transformar o mundo, fazer o mundo melhor por meio da sua profissão”, disse Fabricio Araújo, estudante de Comunicação Social da UFRR.