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Comissão sobre População e Desenvolvimento começa com olhar para a desigualdade 

Nações Unidas, Nova York – A 47ª. Sessão da Comissão sobre População e Desenvolvimento de 2014 começou em 7 de abril com apelos para que sejam redobrados os esforços na promoção do desenvolvimento por meio do fortalecimento da saúde reprodutiva e dos direitos humanos.

A sessão - que analisa os progressos realizados desde a adoção do Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD), em 1994 no Cairo - lança uma luz sobre os muitos desafios que permanecem, incluindo as desigualdades persistentes.

"Grandes avanços foram alcançados nos últimos 20 anos - a redução da pobreza, a educação das meninas, a mortalidade materna e infantil, o acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva, incluindo o planejamento familiar, a proteção dos direitos reprodutivos, e muitas outras áreas do Programa de Ação", disse o Dr. Babatunde Osotimehin, Diretor Executivo do UNFPA, Fundo de População das Nações Unidas. "No entanto, esses ganhos mascaram desigualdades significativas e crescentes, que estão impedindo os mais vulneráveis, marginalizados e excluídos entre nós - especialmente mulheres e meninas – de realizar seus direitos humanos, como afirmado pelo inovador consenso do Cairo."

 

Desigualdades crescentes 

A crença na igualdade de gênero está longe de ser universal, observaram os palestrantes do evento. Um reflexo do status inferior da mulher em todo o mundo é a sua falta de acesso contínuo aos serviços de saúde reprodutiva.

"O maior obstáculo para melhorar a saúde pública não é o dinheiro ou a tecnologia", disse Nafis Sadik, Enviada Especial do Secretário-Geral para HIV/AIDS para a Ásia e o Pacífico, e ex-Diretora Executiva do UNFPA. "É o preconceito enraizado e a discriminação por parte da sociedade contra meninas e mulheres."

Embora a mortalidade materna tenha diminuido nas últimas duas décadas, uma revisão da implementação do Programa de Ação da CIPD mostrou que muitas mulheres continuam a morrer durante a gravidez ou parto devido a causas totalmente evitáveis. "Como cidadãos globais, não devemos tolerar mortes evitáveis quando temos os meios para detê-las", disse o Secretário-Geral Adjunto, Jan Eliasson.

Uma série de outras desigualdades também devem ser abordadas, disse o Dr. Osotimehin: "Muitas pessoas estão sendo deixadas para trás – por desigualdades crescentes na renda e riqueza, pelas desigualdades de gênero e violência de gênero, pela discriminação e estigma, por exclusão na participação nas instâncias de governança, e até mesmo devido a sistemas de dados e conhecimento que não conseguem contar as pessoas mais vulneráveis", disse ele.

Olhando em frente

Este ano, a Comissão oferece uma oportunidade para que os governos se comprometam com os princípios do Programa de Ação da CIPD, disse Wu Hongbo, Sub-Secretário-Geral para Assuntos Econômicos e Sociais.

Dr. Osotimehin também ressaltou este ponto. "Vinte anos depois, nós nos movemos para a frente", disse ele, "mas ainda há muito o que fazer."